Hoje é
uma data para se comemorar a dois. E como não poderia ser diferente, eu pensei:
vou pegar um avião para surpreendê-la. Farei como naqueles filmes de comédia
romântica que eu não lembro mas quase todo mundo sabe o nome.
Uma viagem de ultima hora, puro ímpeto,
cometer um gesto irresponsável, no mínimo fofo, de amor. Então corri aos sites
das companhias aéreas para comprar as passagens. Só imaginando como seria chegar
sem avisar.
Mas você
sabe quanto custa uma passagem comprada assim em cima da hora? Os olhos da
cara! Mesmo assim ponderei, posso parcelar em até 10 vezes. Só que bateu aquele
medo de o amor acabar antes de vencer a ultima parcela. Em 10 meses muita coisa
pode acontecer, inclusive dela tropeçar em
outra pessoa no meio do caminho. Aí já viu...
Não!
Mesmo assim não posso desistir, ela pode ser o grande amor da minha vida e eu
não poderia deixar passar. Tinha que encarar o momento, o que tem
que ser será. Sim, pelo menos hoje, ela é o grande amor da minha vida! Pensando
bem, o melhor da vida é isso, viver intensamente o hoje e aproveitar as datas especiais, nos permitir. Valeria a pena correr o
risco só para ter a emoção
da surpresa. Ou
seria um desvario?
No caso, eu me permitir, deixar o emprego
assim sem planejar. Será que o chefe concordaria? Bem, eu poderia fazer um bate
e volta. Chegando lá, contando com o fator surpresa, compraria flores e iria ao
seu encontro. Ela estaria em casa, no trabalho ou viajado para um compromisso? Se esse fosse o caso
teria que achar um hotel, mas nessa época, um quarto de ultima hora, além do
preço, seria como ganhar na loteria. Sem
contar que não conheço direito sua cidade e poderia me perder nos labirintos
das ruas desconhecidas.
Ah, como seria mais fácil se tudo fosse
como numa comédia romântica. Eu faria essa loucura (clichê) e seria aplaudido com
euforia pelas pessoas ao redor que em coro aprovariam minha declaração de amor.
Uma trilha sonora logo ecoaria no ar, as tomadas de cena aérea rodopiando para
encontrar o melhor ângulo para registrar quando eu, ao entregar as flores, receberia aquele abraço forte de emoção e o beijo molhado de paixão.
Mas como nada disso vai acontecer, e não
é por causa do valor das passagens, do boleto e suas parcelas, do tempo efêmero
onde tudo pode simplesmente mudar de rumo. Não é por causa do medo dela não
gostar do fator surpresa, ser daquelas que morre de vergonha de platéia e sair
correndo. Tampouco pelo risco do desencontro.
É porque, simplesmente não é possível.
Não dá para fazer algo com ou para alguém, se a gente ainda não o tem. Mas quem
sabe noutro Dia dos Namorados eu encontre a razão para tal surpresa?
ecobueno19