quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Brindemos! (?)



O mundo: esse grande palco
Os antagonistas: a humanidade
Os espectadores: a tolice
O enredo: o infortúnio
 
Ano a ano a esfera se deteriora
E essa (in)compreensão visionária
Subjuga-nos, consumidores famintos
Querendo devorar tudo por instinto
 
Porém a chuva não mais refresca
Suas lágrimas ácidas amargam a vida
Nos rios não há mais pesca
 
Mesmo assim brindemos: Deus nos ilumine!
Até quando essa comédia pobre?
Humanos, heróis ou covardes...
 
Ecobueno14
 

 

 

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

"Raio X"



Cada ser traz em si a luz, o dom, a capacidade de alcançar seus sonhos e ser feliz!

Uma luz única que em qualquer lugar que chegue, mesmo havendo um cem números de outros seres parecidos, brilhará dessa forma singular, e será reconhecida como sendo daquele que a carrega, pela sua cor, intensidade e brilho.

Em cada pessoa existe essa áurea inconfundível, que as eleva ao patamar de pessoa admiravelmente querida. Pessoas que onde quer que estejam, com quem quer que falem, sem mesmo medir seus gestos e atos, serão sempre lembradas por suas características próprias. Sua digital.

Toda essa singularidade, quando juntas, forma um lindo mosaico de diversidade. Mesmo nos pequenos grupos que surgem aqui e acolá devido afinidades, e que algumas vezes se moldam conforme a dança das cadeiras, as diferenças são plurais. E isso ficou evidente nesse período de convivência, nos dois anos do curso.

Cada um, sutilmente, foi capaz de deixar sua marca impressa nos pequenos detalhes, como a criatividade “moleca” da Andréa, o ar furtivo do Wagner, a imprevisibilidade da enigmática Luciane, contrastando com o reservado Fabio, a intempestividade da Quésia, o didatismo do Ronaldo, a expansividade da Patrícia, a discrição circunspecta do Laete, a sutileza da tímida Sarah, o alto astral da Vania, a determinação da Valéria, a autenticidade da Silvana, a inteligência superlativa da Adriana, complementada pelo espírito de liderança da Ana Ruth.
 
Juntos conseguiram, onde muitos ficaram pelo caminho, chegar ao final dessa etapa, com méritos e louvores, mostrando que é nas adversidades que as coisas acontecem. Felicidades!!

ecobueno

Homenagem aos Pais


Conteúdo do discurso aos pais dos formandos da turma de Radiologia de 17/12/ 2014 da escola Técnica Albert Eisntein, no SESC, PInheiros, SP.

Orador(a): Ana Ruthy

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Metamorfose












Hoje acordei diferente
Não era o mesmo que fora ontem
Assim como o dia que nasce
Apesar de parecerem
Sempre uma repetição
Eles nunca são iguais
Assim somos também

Sentia que não era o mesmo
E amanhã não serei igual a hoje
O que vivi ontem é parte da história
O hoje é a composição
Para o que ainda não existe
O amanhã que não veio, o futuro
Apesar de me repetir todos os dias
Sei, jamais serei o mesmo...

ecobueno

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Sofisma Natalino


Chegou Dezembro!  As ruas da cidade, cheias de gente, enfeites coloridos, o apagar e acender frenético das luzes e musicas características, denunciam a proximidade do Natal.

Mas ao passar em frente a Estação da Luz, algo destoava, afinal estava ali o reflexo de uma cidade  que apesar de rica e pujante, como é São Paulo, parecia abandonada de tão mal cuidada. Imediatamente pensei nos versos da música Sampa, de Caetano Veloso que diz: “Chamei de mal gosto o que vi/ De mau gosto/ Mau gosto/ É que Narciso acha feio / O que não é espelho”, mesmo que a fachada da estação revele uma arquitetura de rara beleza.
Martelando esses versos avancei pela rua José Paulino e alcancei o quadrilátero onde a ambiguidade entre crescimento e degradação é explicito.  Ao acessar a rua Helvétia me deparei com um cenário bem mais degradante. A Estação da Luz fora só um prenúncio.
Ali todos os espaços possíveis: marquises, calçadas, meio fio e até o meio da rua, estavam tomados por personagens atípicos, sujos, maltrapilhos. Alguns descamisados, outros encapuzados e ou enrolados em cobertores, notívagas em pleno sol primaveril. Outros jaziam pelos cantos enquanto os que perambulavam nem faziam conta. Mulheres, jovens e crianças, seguiam de um lado para o outro, pareciam buscar algo, mas sem saber o que.   

Um aglomerado de seres que se misturavam ao lixo, que eles mesmos produziram, lembravam personagens saídos do seriado Walking Dead, verdadeiros zumbis, porém sem os efeitos especiais das ficções hollywoodianas. Era a realidade nua e crua da vida imitando a arte. Ou seria o contrário?


As luzes coloridas embaladas pelo tema natalino dizendo “As alegrias serão de todos/ Esses nossos sonhos/ Serão verdade/ E o futuro já começou”, contradiziam com aquela realidade. Luzes sem brilho, a falta de cores, pessoas com suas vidas desperdiçadas, nada de sonhos e o futuro, quiçá existiria. Muitos sequer viverão para transmitir a alguém o “legado de sua miséria”, como afirmava Brás Cubas (Machado de Assis). O que se tinha era uma massa amorfa que se dividia entre a ilusão nos momentos de êxtase e a realidade da dor que vicia; nesse novo velho problema que é o crack. 


Sem querer usar de sofismas, mas tudo é parte de uma mesma cidade que não é só asfalto, concreto e aço, ela pulsa e se divide em fragmentos de diversidades. Enquanto de um lado existe a preocupação com as datas, festas e comemorações para alimentar os lucros e garantir a perenidade. Do outro existe apenas o intuito de alimentar (aliviar) as necessidades momentâneas. A mesma que corrói a alma, destrói a esperança e onde tudo se torna tênue e fugaz.

“Da feia fumaça/Que sobe apagando as estrela (...) Alguma coisa acontece/No meu coração...”
Ecobueno

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Você!


    Me pego pensando: Você
cadê?
Então percebo, tudo contém
Você
As músicas que ouço, cantam
Você
Os versos que componho, rimam
Você
Nas manhãs o alvorecer clareia,
Você
No pôr do sol, a matiz de cores é
Você
À noite a lua prateada, brilha
Você
Estás em tudo que compõe o
Viver!
Simples assim:
Você!

ecobueno

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

FRAGMENTOS - CRONICAS URBANAS





Escrever: 




É um trabalho árduo, insólito, toma tempo e isola.



Mas toma forma, recria, transforma e materializa o que se vê e pensa.


Para ler essa materialização clique no link abaixo


Simples (Haicai)



Lancei a pedra no rio
As ondas que se propagam
Círculos concêntricos

      ecobueno     

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Soneto - Olhar Sublime


                             D`onde vem a força e energia
                             De tão sublime e terna magia
                             Vem dessa luz rara que irradia
                             Quando chegas, boa nova anuncia

                             Nem lua nem estrelas a desfilar
                             Nesse imenso infinito podem reparar
                             Se sua ausência se confirmar
                             Neles, mesma energia não há

                             A sutileza contida nos gestos
                             A avidez refletida no olhar
                             Reaviva alma e faz sonhar 

                             Por isso a beleza desses astros
                             Completar-se-ão só se você chegar
                             E com sua íris tudo iluminar

                                        Ecobueno



segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Ótica

  








Quantas formas cabem num simples olhar?
O olhar de alienação que desdenha a emoção
O olhar desesperado sempre amedrontado
O olhar que se perde de si, enlouquecido
O olhar egoísta aquele que aprisiona
O olhar egocêntrico, focado em si mesmo
O olhar com viés tímido sempre de soslaio
O olhar desmedido, sem pudor, por inteiro
O olhar sincero, aquele que liberta
O olhar sutil, porém profundo
O olhar amigo, verdadeiro e consolador
O olhar único, aquele que vem da gente
O olhar poético, que se completa no outro
O olhar romântico que flerta com a poesia 
O olhar apaixonado, completamente enlevado
O olhar molhado, repleto de desejo
O olhar decidido, que comunga a mesma luz
O olhar de uma criança, “hors cocncurs”
Por fim, o olhar cerrado, a despedida da vida
Sim, muitas formas de ver, mas cabem num só olhar

Ecobueno

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Pessoas Singulares e Tão Plurais (Vó Mara)

Entre tantas recordações, inquietações, que a trajetória da vida nos reserva, o mais importante, acredito, é ter a figura de alguém da qual tiramos grandes lições que nos acompanharão vida a fora.

É difícil falar, quantificar expressar de forma convincente o quanto essa figura representa. Alguém que veio ao mundo com a missão de encantar e deixar a sua marca. Um exemplo de garra, perseverança, humildade, bondade, respeito e esperança. Indispensável, não só pela paz que sua presença nos proporciona, mas pelo amor que emana de sua alma. Alguém que, de forma natural, ilumina o caminho de tantos e assim se torna um modelo a ser seguido.

Não é aquela mão que apenas segura, puxa, aponta ou simplesmente espalma. Mas sim, a mão sempre a postos, estendida, que é o porto seguro, a acolhida, a direção. Não possui um ombro, tão somente, que os anos arquearam, mas sim, que ainda é capaz de oferecê-lo para sustentar nossas fraquezas. Seu abraço é muito mais que o simples laço, é o aconchego, o colo, o calor, o afago. O peito, aquele que não representa somente o desejo, mas sim o sumo da vida; aquele que abriga esse pulsar, coração, acalentador que nos mostra a sua vitalidade, acalmando assim, nossas aflições.

O olhar um tanto quanto cansado, causa do tempo, mas que ainda brilha com a mesma intensidade e energia da juventude quando viceja sua prole. A boca que pronuncia palavras, não aquelas difíceis, cultas, porém frias, como nos dicionários, mas as que ensinam o essencial.  Palavras de carinho, de elevação, exaltando as qualidades do seu semelhante. Palavras que ensinam o sentido do respeito e da união que só existem no calor humano dos sábios.

Um ser que, além de ser parte do nosso aprendizado é um padrão de coragem, da vontade de viver, de construir e ter pessoas dignas e felizes. Sempre acredita na alma boa que existe dentro de cada um. Quer ver todos sempre bem e em comunhão. Cuida-nos com aquele zelo especial, que só os iluminados são capazes.

Um ser que nos mostra, diante de tantas dificuldades, mesmo quando tudo parece sem sentido, que é nesses momentos onde a vida se torna mais fascinante e desafiadora, pois é assim que damos valor aos pequenos gestos, as pequenas coisas.


Em minha trajetória, tive a felicidade de encontrar esse alguém. Pessoa que me abriu as portas do seu lar, me acolheu em seu imenso coração e compartilhou esse dom. Uma pessoa forte, que traz em sua alma a força e a beleza da mulher, mãe, amiga e avó. Como não poderia deixar de dizer nesse dia, parabéns Maria (Mara). Obrigado por nos conceder tantos ensinamentos.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Avenida Paulista


No centro financeiro de São Paulo, Avenida Paulista, em meio ao corre-corre de pessoas, carros, coletivos, cercado pelos arranha-céus de concreto armado, caminho ao lado da minha imagem refletida nas enormes fachadas-vitrines, que se estendem ao longo da avenida. É a única imagem, em meio a tantas, que me é familiar.
  
A calçada mais parece uma passarela onde desfilam uma variedade de formas e estilos, quase uma Babel. Nesse espaço estreito e disputado, a vida segue ávida, intensa e apressada, mal se equilibra nos passos descompassados dos transeuntes.

Automóveis roncando seus motores, motos disparando buzinas ensurdecedoras, aumentando a sensação de caos que se instala por toda a extensão da avenida. Os grandes e pesados coletivos, apinhados, com suas janelas “panorâmicas”, revelam rostos de diferentes feições emoldurados pela mistura tosca de aço e plástico, com seus olhares dispersos e indiferentes em meio à paisagem dura e fria das construções ao largo.

Nos cruzamentos, as luzes dançam numa coreografia de três passos, vermelha, amarela e verde, semáforos que ditam as regras em meio ao caos. Sobre o ébano do asfalto, o marfim das faixas de pedestres se destacam, é a ponte, a ligação entre os dois extremos da avenida. No meio fio, ou nas ilhas centrais, esperando a vez, pessoas olham para o outro lado da rua, como se ela fosse intransponível, devido ao mar de veículos, até que o verde é a deixa, a esperança para chegar do outro lado.

Abre-se um “clarão”, passos apressados, o tempo é breve, feito onda, todos se lançam ao asfalto se encontram no meio da Avenida, se misturam, pés, pernas, braços e olhares. A cena me faz lembrar daqueles filmes de batalhas medievais, onde há duas colunas que ao sinal do comandante correm para se duelarem. Quando percebo estou do outro lado. O vermelho acende e o mar se fecha novamente, voltam os carros.

Desconcertantes essas pessoas que se renovam a cada instante, entram e saem dos automóveis, dos onibus, dos prédios, das passagens subterrâneas, elevadores, esquinas e becos, parece não ter fim. Tantas pessoas com suas variações do viver. Fico a imaginar de onde vêm e para onde vão.

Toda essa correria, essa comichão, traz a tona um sentimento de vazio, pois os olhares são frios e desconhecidos, sem brilho, as pessoas se esbarram e não se veem, parece que estão míopes. Descubro que sou apenas mais um na multidão. 

Esbarro na solidão. A saudade aperta. Quero voltar e ter o olhar, carinhoso, brilhante,  e principalmente, conhecido, a me ver chegar.  Só assim saio desse estado de loucura urbana. O caminho é longo, sei. Mas logo estarei de volta ao aconchego do lar.

ecobueno

terça-feira, 11 de novembro de 2014

La Vida

                            
                                       
                                    Cuando cair la tarde
                                    El cielo colorirse de luces
                                    Y el brilho de la luna
                                    Ponerse entre las estrellas
                                   
                                    Mío pensamiento volara 
                                    Y Contigo hallara 
                                    Cuando cair la noche
                                    El sol por la mañana erguerse
                                    
                                    Y el día en colores rompérse
                                    El brillho de tu ojos
                                    Ponerse en los mios
                                    Que te miram con cariño 
                                    
                                    Así si completan los días
                                    Girando el mundo y las horas
                                    Con sus carinhos
                                    Alredodor de la vida
                                    
                                    Ecobueno

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Be(ll)atriz - Beatriz & Ballet


A manhã de um domingo ensolarado anunciava o que estava por vir. No teatro, quando as cortinas descerram e as luzes ascendem, no palco se revela, doce, leve, encantadora, emanando seu feixe de luz, a bela menina-bailarina. 

A música irrompe, ecoando no ar e, segura de si, ela se equilibra sobre o pedestal de suas pequeninas sapatilhas rosa, com pliés, croisés, elevés, e meias-ponta, transforma o clássico em lúdico e a competição flui; agradável brincadeira. Gestos cândidos, meigos, serenos, desliza firme, imperiosa, altiva; se integra ao cenário, soberana. Centelha divina!

Seu figurino: alegria e dedicação, composto de movimentos em perfeita harmonia, graciosidade, equilíbrio, Adagio. Os adereços: elegância, perfeição e pleno domínio do corpo e dos pés, Aplomb. Resultado da fusão, corpo e musica; o ballet.

Menina, Allegro, de tantos encantos, sua tenra idade não a impede de bailar. Ela destoa dos demais concorrentes, faz de sua apresentação uma diversão e nos leva ao estado de êxtase, pura emoção, que se revelam no arrepio da pele e nos olhos marejados.

Sozinha no tablado - sem minhas mãos para amparar - não se assusta, pois não está só, afinal ali é o seu espaço, mundo, se sente a vontade para revelar o grande domínio de quem, mesmo sendo sua primeira vez competindo, nasceu para dançar, trazer alegria, encantar e fazer o público sonhar.

Além dos expectadores, há a banca de jurados composta por bailarinos e coreógrafos – com experiência internacional - o que torna sua tarefa mais seletiva e árdua. Mesmo que fosse só uma apresentação lúdica e descontraída, já seria sublime, porém o peso de estar ali, sendo observada por tantos olhos atentos faz dela, apesar da pouca idade, um ser de brilho único.

Traz em mim a doce lembrança de um tempo mágico, sua chegada. Hoje, no palco é só ela e sua majestosa dança. Com o dom que lhe é peculiar, numa apresentação brilhante, transforma o sonho em realidade, fantasia em verdade. Não poderia ser diferente, superando todas as expectativas e os concorrentes, ganha o merecido prêmio com seu solo.

Sua alegria leve, iluminada e segura, impressiona e revela seu talento de atriz. No palco a bailar, desfilando seu encanto, a bailarina campeã, é a brilhante Beatriz.

ecobueno14

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Folhinha Poética 2015

Para compor o calendário do ano de 2015 (FOLHINHA POÉTICA) um de meus poemas ilustrará o dia 19 de Setembro, Sábado. Reconhecimento do trabalho e uma referencia à luz inspiradora. 
Calendário completo em: 



  




terça-feira, 28 de outubro de 2014

Palavra

ecobueno 2012

Não quero só um dia, uma data
Quero sim, todos os momentos
Em que possa estar ao seu lado
Simples amante, enamorado

Quero que você ame,
Pois assim serei amado
Sem receios, sem medos
E completarei em ti, minha metade

Também quero, ah como quero!
Dizer sem meias palavras
O quanto em meus momentos
Tu, verdadeiramente, representas

Traduzir em uma simples palavra
Essa grandeza que existe em mim
Pequenina palavra, de significado sem fim
                                   O que sinto é simplesmente amor                                            

                                              ecobueno14

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Mareia

                                           O mar revolve suas ondas
                                
                           Banha a areia de espumas

    O vento assovia a nota Dó

Tudo para não perder o instante

  De vê-la sair da agua, reluzente,

      Vestida de sal e sol...

                                                       ecobueno

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O Peso da Intolerância

Caminhar por entre a multidão e não conhecer ninguém é algo, no mínimo curioso. Mesmo rodeado de pessoas, ainda assim dá aquela sensação de vazio e solidão. Que situação estranha, tantos rostos e nenhum familiar!  Bate uma saudade não sei bem porque, um medo não sei bem de quê, e a vontade louca de voltar para o afago de um olhar conhecido.
 
Era o que sentia ao caminhar por entre os prédios antigos e as ruas estreitas do centro velho de São Paulo, apesar do movimento intenso e o coro dos ambulantes querendo a atenção (dinheiro) dos transeuntes, Precisam faturar, afinal.
 

Após terminar minha incursão pelos “labirintos” dessa cidade fria e cinzenta e pôr fim a essa solidão, segui célere pela Rua da Consolação rumo ao estacionamento da Praça Roosevelt, onde estava o carro. Ao chegar na esquina com a Rua Nestor Pestana me deparei com uma cena muito insólita. Em meio ao caos da cidade ouvia, além de buzinas estridentes, vozes de alguns motoristas que colocavam o corpo para fora da janela do carro e aos berros proferiam palavrões. Qual seria o motivo de tanta ira?

Aparentando muito mais idade que verdadeiramente poderia ter, devido aos seus trajes surrados, rosto sofrido, cabelos sem corte, que mal se ajeitavam sob o boné, sem cor definida, reflexo da exposição excessiva ao sol. Os pés calçados com aquelas famosas sandálias de grife internacional, alojadas por entre os vãos dos dedos, que faltavam nos calcanhares, sem glamour algum, revelando a realidade de um pedaço de borracha, que mal servia para proteger as solas calejadas. Uma mulher com visível esforço, indiferente aos xingamentos, determinada, puxava uma carroça com materiais que encontrara pela calçada.

À sua frente, duas crianças, um casal que não aparentava mais que sete ou oito anos, com suas vestes também surradas. Ele mais novo, de cabelos raspados, olhar vívido, porém distante, camiseta e bermuda, ambos desbotados, os tênis encardidos que não lhe serviam mais nos pés e por isso era usado como se fossem sandálias. Ela com os cabelos curtos e emaranhados, emoldurando seu rosto de olhos miúdos e brilhantes, uma blusinha rosa com alças que pendiam dos ombros, denunciando que era de um numero maior, fazia par com uma bermuda preta. Nos pés a sandália com tirinhas amareladas pelo tempo, mas que ainda lhe serviam. Alheios à realidade, os dois pareciam se divertir como qualquer criança dessa idade.

Quantas pessoas perambulam pelas ruas da cidade diariamente puxando uma carroça, porque o espanto? Indaguei, tentando não me sensibilizar. Mas era impossível ignorar tal cena. A mulher e, possivelmente, seus filhos, com aquela carroça “atrapalhava” o trânsito e isso era motivo de ira dos motoristas que afloravam seus instintos mais primitivos. Ela era hostilizada por cometer tamanha heresia, impedir a boa fluidez do transito. Que fosse puxar a carroça em outro lugar, ali não!
 
Fiquei sem ação diante de tamanha  covardia daqueles que se veem como civilizadas e se acham superiores só por terem uma condição “melhor” (será?). Envergonhado, pude notar o tamanho da minha pequenez e insignificância diante de tanta ignorância. Minha solidão se misturou a angustia e a sensação de impotência. Deixei a cidade para traz, mas ela corrói m’alma e dilacera meus sentimentos e ainda mantem vivo em mim a cena que traduz o peso da intolerância.

 

ecobueno

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Dom de Existir


Hoje, muitos dos que te admiram, pessoas mais próximas, ligadas a ti. Pessoas que fazem parte do seu dia-a-dia, que pedem e também aconselham, afagam e recebem a sua recíproca. Pessoas queridas que constam da primeira página da sua agenda; que habitam seus pensamentos, sentimentos. Pessoas que compartilham suas alegrias e decepções. Não poderia ser diferente; felicitar-te-ão!

Sei que durante os demais dias do ano, tais pessoas terão a felicidade de partilhar suas histórias, seus sorrisos e até mesmo suas lágrimas. Poderão dizer-te oi, receber seu abraço, sentir seu calor, ganhar seus carinhos mais íntimos e revelar sentimentos verdadeiros que és capaz de despertar. Nada mais gratificante!

Dentre as pessoas que farão deste tempo e gestos, uma bela e grata lembrança e transformar-se-ão numa passagem tão especial que constará no capítulo dessa única e bela história, seu viver, serei apenas um eco a juntar-se ao coro de vozes que dirão da sua infinita importância.

Mesmo que seja à distância e apenas nesse átimo de tempo – infinito enquanto o é - quero fazer parte dessas vozes. E, se puder ao menos, pelo instante em que dure a leitura dessas linhas, passar a minha admiração e carinho, tenha certeza que essa felicidade que podes sentir é a minha fonte de alegria em todos os instantes que tua falta se faz presente. Pois em todos os dias tu és esse raro presente. Parabéns!


Aconteceu: à luz ascendeu
 Amanheceu mais um dia, seu
E a menina que teus olhos habita
Derrama a luz que d’alma emana

Ondados fios castanhos
Que escorrem ladeando a face
Emolduram traços lhanos
D’onde vem a força e energia

Carregados de paz e harmonia
Beleza interior que aflora
Seu dom de existir, absoluto
Revelados num sorriso, magia


Ecobueno