quarta-feira, 15 de junho de 2016

Fios Lhanos




 

                      Fios ondados que bailam 
                     
                      Revelando a coreografia 
                     
                      Dos movimentos lhanos
                     
                      Soltos ao vento i(Lu)minados
                      
                      Em diferentes tons e sobre tons
                     
                      Contando histórias de uma vida livre!
                      
                      Seus cabelos...
                      
                     
                      ecobueno

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Um Dia, Todo Dia : Dos (E)Namorados


Mais uma vez a data se repete e, “Apesar dos desencantos/ Eu não desisto de amar”, com esse refrão da musica do Barão Vermelho é possível ver que, apesar do tempo, ele é um sentimento que persiste. Sim, estamos sempre, de uma maneira ou de outra, em busca dele. “Amar é cansar-se de estar só”, já dizia Fernando Pessoa.

Como não poderia ficar de fora, busco, também. Mas não quero aquele amor cheio de clichês televisivos, hollywoodianos, ou o amor fugaz das capas de revistas. Do amor egocêntrico dos livros de alto ajuda (que só servem para quem os escreve). Não procuro um amor de final de novela embalado por trilhas sonoras toscas. Do amor cantado em músicas cheias de frases feitas e vazias de sentimentos (não importa o ritmo). Não quero o amor que se perde na rotina diária, muito menos aquele que finda com a nova estação. Também não busco a euforia de um amor carnavalesco, ou rebuscado demais. Não quero o amor efêmero que ao primeiro vendaval pereça. Não quero o amor atlético, do quanto mais melhor, dos amantes em busca de recordes sexuais. Não quero um amor leviano, que hoje te deseja intensamente e amanhã se fartará de “amores” noutros braços. Não quero o amor de flores artificiais, cores cruas, que só servem para desculpar mentiras. Tão pouco busco a alma gêmea, a máxima do amor romântico, que só aprisiona.

Eu quero sim, um amor feito peça de Shakespeare, atemporal. Um amor cativante como as sinfonias de Beethoven. Um amor contemporâneo feito o livro de Cervantes. Um amor perene a lá Guimarães Rosa. Um amor sem métrica, livre tal qual versos de Ferreira Gullar. Um amor composto nas entrelinhas, enigmático, machadiano. Um amor irascível assim como as frases de Leminski. Um amor sem dogmas, feito Nietsche. Um amor vibrante igual ás cores de Frida Kahlo. Um amor iluminado tal qual pinceladas de Monet. Um amor desvairado, sem medidas, simples, assim meio Almodóvar, meio Fellini.

Mas se isso não for possível, não vou desanimar pois eu só quero um amor genuíno para nutrir e compartilhar,  afinal “Amor é fogo que arde sem ver” (Camões).  É como Pablo Neruda dizia, “Amor é feito espelho/ Tem que ter reflexo”, ou como cantava Vinicius de Moraes que ele “Seja infinito enquanto dure”.

ecobueno

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Estupro: Crime Silencioso



Os crimes sexuais apareceram, esses dias, com destaque nos noticiários mas, efetivamente, o que se tem feito para combatê-lo? Imagina a situação: Roubaram seu celular e você vai a uma delegacia fazer o “B.O”, então o delegado resolve perguntar onde você foi assaltado, que horas eram, se você estava exibindo propositalmente o celular, se você tinha o costume de trocar de aparelho o tempo todo. Depois ele indaga se você tem certeza de que foi um assalto realmente ou se você não deu o celular ao bandido por vontade própria. 

Você explica que o roubo foi de madrugada e depois de você ter tomado umas cervejas, estava ligando para um taxi ir pegá-lo. Então o delegado decide - por conta própria - que não houve crime algum: você estava na rua, bêbado usando de forma irresponsável seu celular, quem pode garantir que você está falando a verdade? Ou então, pior, quem disse que você não queria ter sido assaltado?

Pois é, parece surreal. Mas com o estupro é dessa forma que acontece na maioria das vezes. Mulheres são recebidas com desconfiança quando resolvem contar suas histórias para alguém. Sempre vem os questionamentos sobre a roupa que vestia, onde estava, que horas eram, se estava bêbada, se já não havia ficado com o estuprador alguma vez, se deu a entender que queria fazer sexo e até se já teve muitos namorados antes. E essas perguntas podem vir de qualquer um. Até mesmo dos próprios familiares.

Quando um crime dessa natureza - que não posso explicar ou quantificar, por não ter a grandeza da natureza feminina - vem à tona, outros tantos ficam submersos? Um crime que, além da violência física traz uma série de complicações para a saúde da mulher.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que esse tipo de violência aumentam os casos de depressão, ansiedade, estresse pós-traumáticos, suicídios, gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis, infecções e até AIDS. Traumas físicos e psíquicos que podem perdurar para o resto da vida.

Esses dados revelam o quão devastador é esse tipo de violência e que, infelizmente não é algo novo. Muitas vezes é um crime cometido por pessoas próximas. E no caso de crianças e adolescentes isso é ainda mais comum. Geralmente os abusos são praticados por pais, padrastos, tios, amigos da família, enfim, pessoas acima de qualquer suspeita. Sem contar que, muitas vezes, a vítima é considerada culpada por ter “provocado” a situação. Bem típico de uma sociedade machista e patriarcal.

Isso explica porque no caso daquela menina de 16 anos que foi violentada no Rio de Janeiro por um grupo de mais de trinta (não sei como classificar esses seres), causaram reações nas redes sociais, em sua maioria, não contra o ato em si, mas culpando a própria vitima.  

 Essa é realidade de como são tratadas as mulheres nas redes sociais, como objetos sexuais, como coisas e não como pessoas com sentimentos. E isso tem relação direta como garotas e garotos vão se relacionar mais tarde. É preciso mudar a forma de ver esse crime, começando em casa, educando, discutindo e o repudiando com veemência para que essa cultura machista do estupro seja banida da sociedade. A mulher grita, exige e tem direito à sua liberdade!
Ecobueno16