Os crimes sexuais apareceram,
esses dias, com destaque nos noticiários mas, efetivamente, o que se tem feito
para combatê-lo? Imagina a situação: Roubaram seu celular e você vai a uma
delegacia fazer o “B.O”, então o delegado resolve perguntar onde você foi
assaltado, que horas eram, se você estava exibindo propositalmente o celular,
se você tinha o costume de trocar de aparelho o tempo todo. Depois ele indaga
se você tem certeza de que foi um assalto realmente ou se você não deu o
celular ao bandido por vontade própria.
Você explica que o roubo foi de
madrugada e depois de você ter tomado umas cervejas, estava ligando para um taxi
ir pegá-lo. Então o delegado decide - por conta própria - que não houve crime
algum: você estava na rua, bêbado usando de forma irresponsável seu celular,
quem pode garantir que você está falando a verdade? Ou então, pior, quem disse
que você não queria ter sido assaltado?
Pois
é, parece surreal. Mas com o estupro é dessa forma que acontece na maioria das
vezes. Mulheres são recebidas com desconfiança quando resolvem contar suas
histórias para alguém. Sempre vem os questionamentos sobre a roupa que vestia,
onde estava, que horas eram, se estava bêbada, se já não havia ficado com o
estuprador alguma vez, se deu a entender que queria fazer sexo e até se já teve
muitos namorados antes. E essas perguntas podem vir de qualquer um. Até mesmo
dos próprios familiares.
Quando
um crime dessa natureza - que não posso explicar ou quantificar, por não ter a
grandeza da natureza feminina - vem à tona, outros tantos ficam submersos? Um
crime que, além da violência física traz uma série de complicações para a saúde
da mulher.
Dados
da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que esse tipo de violência
aumentam os casos de depressão, ansiedade, estresse pós-traumáticos, suicídios,
gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis, infecções e até AIDS. Traumas
físicos e psíquicos que podem perdurar para o resto da vida.
Esses
dados revelam o quão devastador é esse tipo de violência e que, infelizmente não
é algo novo. Muitas vezes é um crime cometido por pessoas próximas. E no caso
de crianças e adolescentes isso é ainda mais comum. Geralmente os abusos são
praticados por pais, padrastos, tios, amigos da família, enfim, pessoas acima
de qualquer suspeita. Sem contar que, muitas vezes, a vítima é considerada
culpada por ter “provocado” a situação. Bem típico de uma sociedade machista e
patriarcal.
Isso
explica porque no caso daquela menina de 16 anos que foi violentada no Rio de
Janeiro por um grupo de mais de trinta (não sei como classificar esses seres),
causaram reações nas redes sociais, em sua maioria, não contra o ato em si, mas
culpando a própria vitima.
Essa é realidade de como são tratadas as
mulheres nas redes sociais, como objetos sexuais, como coisas e não como
pessoas com sentimentos. E isso tem relação direta como garotas e garotos vão
se relacionar mais tarde. É preciso mudar a forma de ver esse crime, começando
em casa, educando, discutindo e o repudiando com veemência para que essa
cultura machista do estupro seja banida da sociedade. A mulher grita, exige e
tem direito à sua liberdade!
Ecobueno16