A cidade é um espaço público, onde a convivência
e ocupação deveriam ser divididas sem distinção de cor, raça ou gênero.
Mas quando se fala sobre isso, sempre vem a
seguinte questão: Qual é mesmo o seu gênero, masculino ou feminino? Em se tratando da palavra, gramaticalmente, não deveria existir. Porém na realidade concreta, o
feminino é aviltado o tempo todo, pelo assédio que tanto pode ser velado ou
explícito, mas igualmente agressivos.
E vejam só como são as coisas, a mulher
para ocupar o espaço na cidade, que lhe é devido e merecido, precisa ter certos “cuidados”: Escolher a roupa que vai sair. Não se
aventurar por lugares ermos. Evitar determinados horários. Ir ao ponto de
ônibus onde há mais pessoas, mesmo sendo distante. Dirigir, não só pra sua
segurança, mas para os outros (homens) ditos “ases” do volante e ainda, como se
não bastasse, ouvir certos impropérios.
Sem contar que não pode “exagerar” na
maquiagem. Tem que maneirar na bebida. Cuidar da forma, (qual forma se cada
corpo é único?), ficar de olho na balança. “Domar” seus cabelos, ter modos, ser
feminina, enfim, seguir os padrões preestabelecidos desses espaços, onde o
assédio é constante.
Essa cidade se tornou num espaço social ocupado por uma
cultura extremamente machista que trata o feminino como extensão de seu domínio. Sendo
assim fica parecendo que ela, a cidade, apesar da gramática, é exclusivamente do gênero masculino.
Até quando?
ecobueno