Carbono,
um mesmo elemento químico que pode originar substâncias diferentes. Tem sua importância
para a formação da vida na Terra e sua variada forma de organização no
universo. É isso que nos apresenta Lenine em seu novo disco de mesmo nome.
Primeiro
domingo da primavera, último do mês de setembro, nada mais apropriado que assistir,
ao vivo, no Auditório Oscar Niemeyer no parque Ibirapuera, plateia externa, com
a OCAM - Orquestra de Câmara da Escola de Comunicações e Artes da Universidade
de São Paulo - que comemora seus 20 anos de atividades, e convida o recifense
Lenine para desfilara suas canções, num show conjunto.
A manhã
de domingo, após um sábado chuvoso, se abriu para reverenciar o espetáculo. Os
vários elementos – músicos e seus instrumentos – da OCAM, dão inicio ao espetáculo
com a “Sinfonietta Nº 1”, de Villa-Lobos e vai quebrando a apatia daqueles que
ainda se ressentiam por ter acordado cedo.
Em seguida
Lenine se junta aos músicos e começa a desfilar suas composições. Canções sutis
e ricas em poesia, numa mistura lírica que remete ao esperançoso, inconformado
e às vezes, enraivecido. O repertório é a união dos sentimentos e os elementos,
Carbono.
Com
seu violão e riff’s característicos, arranjos do maestro Gil Jardim, Lenine vai
cantando e encantando com “Castanho” avisando que: não, não cheguei sozinho, e emenda com “O Impossível Vem Pra Ficar”:
Transformar, seu lugar/ Seu olhar. Em
“Simples Assim” destila seu eufemismo característico, contra a arrogância da complicação,
Querer não é questão/ Não justifica o
fim/ Pra quê complicação/ É simples assim. Segue em “Cupim de Ferro”, em
que traz a reflexão: A vida reverbera/O
tempo imortaliza/ A dor é passageira.
Lenine
segue com seu rico repertório, e mostra que não é um musico de canções melosas
de amor, mesmo quando fala de um sentimento delicado, não cai no lugar comum, isso
está claro em “Grafite Diamante”, onde mostra toda sua intimidade com as
palavras, Muda-se a crença:/A gente se
junta/ E dança na diferença. Indo no mesmo embalo, “O Universo Na Cabeça do
Alfinete”, complementa: Parado e ainda
assim ligeiro/ Inteiro e ainda assim partido/ Doído e ainda assim contente/
Descrente e ainda assim feliz. E a sua singularidade ao destacar certos os
traços está presente desde Labiata 2008, na
canção “Magra”: ... E sonho que é minha/Magra,
leve, calma/ Toda ela bela/Tudo nela chama. Assim Lenine vai reconstruindo
seus elementos e compondo o show e me trazendo boas recordações.
Mas como
certas canções já tomaram vida própria, Lenine tem que revisitar seus grandes
sucessos, mesmo sendo na apresentação de um novo trabalho. Ele com sua simpatia
recifense deixa que “Hoje Eu Quero Sair Só”, “Jack Soul Brasileiro” “Martelo
Bigorna”, “Chão”, “Do It”, ressoem livre por todo o parque.
Distante
das luzes artificiais, palco-cenário, mixagens e afins, Lenine junto com a OCAM
nos presenteia com um show verdadeiro, de quem conhece e domina o que faz.
Muito bom para um publico que gosta de sentir a brisa e ouvir boa musica. Que
venha a primavera!