segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Tudo pode mudar

Quinta feira, é fevereiro, é carnaval! Apesar das poucas horas da manhã o sol já brilha e arde num verão intenso, dando a sensação do que nos espera no decorrer das horas, quente ao extremo, como tem sido os dias, ultimamente.

O dever me chama, eu tenho que pôr meu bloco na rua, mesmo com esse sol estalado, fervilhando esse ritmo pré-carnavalesco. E nesse enredo composto de compromissos e horários, decorado pela fantasia diária, sem adereços, e o gingado de um samba meio sincopado, efeito desse compasso do anda e para, sob a regência dos semáforos e apitos dos guardas de transito. A mesma rotina de sempre. Seria possível entrar no ritmo de carnaval, assim?

Com o pensamento desconexo, o olhar distante, os sentidos meio que sonolentos, sigo absorto aos problemas corriqueiros, até que o telefone toca e como que saindo de uma profunda catarse urbana, atendo num ímpeto.

Do outro lado uma voz doce e suave, me impelia à realidade, e nesse breve instante da passagem de um mundo ao outro, um êxtase de ansiedade e interrogação me toma. É o impacto do despertar abrupto, e nesse período de transição as idéias (meus tico e teco) precisam entrar em sintonia.

A saudação automática é inevitável. A voz interrogativamente quer a certeza, se quem atendeu é exatamente com quem quer falar. Ao ter a confirmação, questiona se ainda reconhece a voz que lhe interpela. Difícil.

Isso não é por indiferença ou esquecimento e sim devido essa imprevisibilidade diante de uma enorme surpresa. E que surpresa!A dificuldade é maior de reconhecimento, pois como estava longe, ligado no piloto automático, o processamento de novas informações sofrem alguns lapsos.

Mas o que acontece a seguir é uma explosão de vários sentimentos. Assim como nos desfiles, as luzes, o brilho, as cores, serpentinas, alegorias, adereços, os diferentes instrumentos tocando em perfeita harmonia arrastam milhares de foliões inebriados pela avenida, sou tomado pelos vários sentidos e sentimentos de euforia, ansiedade, calor, calafrios, poros e pelos eriçados, mãos frias e suadas, coração acelerado e mesmo assim conseguindo bater compassado ao ritmo do enredo da emoção, não resisto – como se fosse possível.

Isso mesmo. Passo de uma situação a outra, como num passe de mágica. Saí daquele estado letárgico, que nos toma a rotina, para a euforia e a beleza do novo a cada instante apenas com um simples gesto. Um alô!

Bem agora é seguir o dia com suspiros involuntários e o sorriso congelado na face que obviamente não cerrará tão fácil assim. Como se quiséssemos - na verdade é isso mesmo que queremos - que todos possam ver estampado ali a grande satisfação de se ter reencontrado alguém especial, há muito ausente. Agora sim, vamos à folia!

Ecobueno2010

Garrafas ao mar



Sim as cartas, mensagens, garrafas...

Quando coloquei uma mensagem numa garrafa e atirei ao mar, nem poderia imaginar aonde ela poderia chegar. Ou quiçá seria resgatada por alguém.

Seguindo seu destino, enfrentando tempestades, maremotos, calmarias. Embarcações indo e vindo, ora empurrando para um lado, ora para outro, quase quebrando-a. Navios, Barcos de todos os tamanhos, todos os lugares, ancorados ou soltos ao mar. Eram tantos obstáculos, mas nada fazia com que ela parasse.

Boiando, navegou, viajou. Tantas noites estreladas, noites de luas que iluminavam seu mar e a faziam suspirar. Tantas outras, escuras, sombrias. Foram tantos dias, quentes, frios, com e sem auroras. Dias longos, intermináveis. Dias curtos, átimos de segundo.

Viu pássaros voarem sobre ela, às vezes procuravam abrigo em seu casco, para um descanso, mas como era escorregadio, não permaneciam por muito tempo, logo levantavam voo e partiam. E ela solitária observava aviões cruzarem o céu. A vida que seguia. O cotidiano, tal qual a ela, continuava. Seu "cais" deveria estar próximo.

Percorrera tantos lugares. Tantos mares. Visitara ilhas, geleiras, costas, recifes, praias desertas e paradisíacas. Um longo caminho, o mundo era incrivelmente enorme, nem que quisesse poderia ter imaginado algo assim. Mas havia apenas um lugar onde queria atracar.

A garrafa, para muitos, era apenas um casco frio e sem valor. Mas em seu interior se alojava a mensagem  com significado único para alguém especial. Sim, iria encontra-la!
 
Muitas vezes ficou esquecida, encalhada em um banco de areia no meio do nada, esperando pacientemente por uma nova maré. E assim que ela veio, mais experiente e segura, se lançou ao mar novamente. Onde poderia ir parar? Não importa, aquele lugar, aquele alguém, logo vão chegar.


Enfim, naquela praia, diferente de todas, um ser com um olhar iluminado fixo no distante horizonte, como a esperar. A onda, calmamente arrasta a garrafa e a leva beira mar. Então a água banhou seus pés descalços e o frio da garrafa tocou-lhe a pele. Agachou e no meio da espuma branca retirou a garrafa. Em seu interior aquele bilhete; abriu, e nele estava escrito: “O destino me trouxe até o teu cais, não estarei só, jamais” (eco).

ecobueno 

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

De Repente!

Um belo dia você percebe, que de repente, eles se perderam numa esquina qualquer do passado. Onde ela está? Onde ele está? Que fim levaram os amigos? Em desespero, a gente corre para o meio da rua, ou um lugar específico, onde possam se esbarrar novamente. Não encontra ninguém, talvez tenha passado muito tempo e ele, ela não se recorda mais do lugar, ou trocou o caminho sem avisar. Então pergunta á quem passa, um guarda, um transeunte, se não viram alguém com tais características e a resposta é sempre negativa. Volta para a casa, busca algum vestígio, relê as cartas, talvez nos dê uma pista, rega as plantas, colhe umas flores, melhor preparar o ambiente talvez esteja preparando uma visita surpresa. O telefone toca, a esperança se renova, mais do outro lado, engano.
 
Os dias passam o carteiro que não bate a sua porta, e a sensação, em cada cômodo da casa (nosso interior) de vazio, aumenta. Mente, coração, sentimentos e sem perceber soltamos um urro. Inútil. Procura dias, noites inteiras aquele rosto suave, aquele olhar de brilho único, aquele sorriso de candura no quarto escuro da memória. Não tem ninguém, não o vejo mais. Aí o que resta? Se conformar? Talvez seja esse o caminho. Mas a gente, no fundo sabe que não quer isso, pois pessoas com essas características são tão raras. Melhor não se entregar, insistir, manter as esperanças acesas.
 
Sim tudo passa, aquele momento de segundos atrás não volta mais. As águas do rio não passam sob a mesma ponte duas vezes. O que fizemos ontem, não serve hoje. Mas a gente pode ao menos perpetuar os momentos como nas reprises, nos flashes, clareando as fotografias da memória, não deixando que esses momentos tão peculiares escureçam com o tempo e se apaguem.
 
Mesmo que voltemos aos lugares de sempre, esperemos as cartas que não chegam, os telefonemas que são enganos, que vejamos em nossa busca os “cômodos” vazios, o tempo que se esvai por entre os dedos. Mesmo que nossas perguntas não tenham respostas, pois ninguém os viu, e que a sensação de solidão tome conta de nossas casas, nada melhor que revisitar na memória tudo que ficou de bom e claro, assim as chamas do calor desses carinhos jamais se findarão.
 
Volto sempre á mesma esquina e ali olhando para todos os lados, para não perder uma cena, um momento sequer, fico ligado em tudo o que acontece. Quem sabe verei novamente seus braços abertos que vem em minha direção para me vestir num abraço. Assim como aconteceu quando nos esbarramos por acaso e nos conhecemos. Ainda te espero na mesma esquina, passado, presente, futuro, onde num belo dia, as vidas de repente, se encontram.

Ecobueno

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Coisas que esquecemos

Acontecem tantas coisas em nossas vidas
Que por causa dessa correria insana 
Acabamos por esquecer das coisa mais simples
Que nos são tão essenciais, como:

Acordar e ver a luz do dia;
Poder caminhar com os proprios pés;
Dizer bom dia, boa tarde;
Tomar um picolé na padaria da esquina;
Se deliciar com o sorriso de uma criança;
Ler algo, mesmo que pareça banal;
Encontrar bons e velhos amigos;
Falar, muito obrigado;
Ver o sol se pôr, a lua nascer;
Receber e dar um beijo de boa noite da esposa(marido);
Isso tudo é tão simples, mas nos farão tanta falta quando dermos conta que não os temos mais.
Não deixe que a vida seja feita só daqueles momentos que achamos espetaculares.
Pois ela passará ao largo de nossos dias, e quando dermos conta, elas também tornar-se-ão um passado distante.

Ecobueno