segunda-feira, 28 de abril de 2014

A Beleza e o Conhecimento (Agnes)

Hoje mascara-se a forma como as conquistas deveriam ser alcançadas ao valorizar o vulgar. Os exemplos mais efêmeros, como a beleza fugaz, a exposição do corpo como trampolim para a fama, a banalização da consciência moral a favor do imediatismo do prazer, a banalização dos padrões estéticos e do materialismo em detrimento do que é perene e efetivamente engrandecedor, o conhecimento.

É o individualismo exacerbado, de que Alexis de Tocqueville, em sua obra, A Democracia na América, destacou ao escrever: “... vejo uma multidão incontável de homens semelhantes e iguais que giram incessantemente em torno de si mesmos para obter prazeres pequenos e vulgares com os quais preenchem sua alma.”  Isso vem se confirmar nessa atualidade de contradições entre o banal e o ideal.
O conhecimento individual deveria ser efusivamente incentivado para a vocação de realizações em prol do bem comum. Mas infelizmente não é assim. O que conta é fazer parte da “turma” e ter as mesmas coisas, as mesmas frases feitas, as eternas banalidades, enfim; estar na moda! E a moda nada mais é que uma ciência onde a maioria se repete. Mas como isso é possível se todo ser é único? Só com o bombardeio intenso daqueles que lucram com isso, os criadores do mais do mesmo.

O que vejo hoje, nessa velocidade espantosa da tecnologia, é que os jovens são levados a pensar da mesma forma, pois assim se tornam “clientes” ideais. E o resultado é isso, na musica, nos programas televisivos, literatura, revistas, celebridades que deveriam,  por sua falta de cultura, ficar no ostracismo, a fama que vale mais que o conhecimento, políticos que dispensam comentários, estudantes que não conseguem diferenciar uma descrição de uma narrativa e por isso não são capazes de interpretar um texto simples, entre tantos exemplos, onde tudo está sendo nivelado por baixo e o pior, muitas vezes com a complacência daqueles que deveriam dar o exemplo, a família (pais, avós, tios, agregados, etc.).

 Mas, como tudo na vida se forma, toma forma e se transforma, tem algo que destoa, felizmente, há um Oasis em meio a aridez desse modelo de sociedade. Sim, alguém que nos prova que o grande valor não é chegar ao fim sem se importar com os meios, mas em mostrar que vale a pena usar o conhecimento, a capacidade intelectual, o esforço da transpiração aliada a inspiração e se tornar uma referencia. Como seria bem melhor se essa fosse a regra e não a exceção.

Sem desmerecer ou criticar àqueles que preferem outros caminhos, o ócio ao esforço, mentira à verdade, enganar ao ser correto, passar a perna, levar vantagem, buscar a fama a qualquer preço, se vangloriarem de ter chegado ao topo com o mínimo de esforço, afinal aprenderam assim e acham isso tudo normal, só tenho que ressaltar o privilégio por conhecer alguém que faz do conhecimento seu legado de vida. Sem contar que a sua beleza exterior é ressaltada pela interior, quebrando o paradigma que beleza não combina com inteligência.

Não poderia deixar de dizer da importância do seu exemplo de dedicação e de parabenizá-la, não por essa, mas por todas as conquistas que até aqui teve e as que virão. Enfim Londres é logo ali para quem pensa e age como você. Tenha certeza que o mundo é um lugar magnífico para quem quer aprender. Boa viagem!


Ecobueno14

sexta-feira, 25 de abril de 2014

O árido caminho das palavras


A vida de quem escreve
Não é nada glamorosa
Muitas vezes árdua, insólita
Toma tempo e isola

É preciso se interiorizar
Para depois, em palavras externar
Sem errar o tempo, o verbo, o momento
E ainda assim nunca está completo
No vasto mundo das palavras

Pobre poeta que em teus versos
Tenta traduzir a riqueza dos sentimentos
Mas a desconfiança dos incrédulos
O desdém dos apáticos e a falta de críticos
Encontra apenas o eco
De sua própria solidão

É uma ilha, mesmo sem sê-la
Vaga num mar de absoluto silêncio
E sua dor jamais deságua  

Pobre poeta que tenta sobreviver
Competindo com a inanição
Da delicadeza e a proliferação da dureza
Seu deserto é real, árido
Perambula pelo exílio  
Da sua própria língua

Mesmo assim ao compor
Vai mentindo sua dor
E ao verem, poeta, que sorris
Às vezes, irão supor, que és feliz
Então valerá sua poesia

Ecobueno

quinta-feira, 17 de abril de 2014

O Significado da Páscoa, Verdadeiro?

Qual o verdadeiro significado da Páscoa? Esse tipo de questionamento sempre provoca calorosas discussões e nos remete as diferentes explicações a respeito dessa data. E cada um, dependendo da sua cultura, crença, etc., pode ter seu ponto de vista.

Claro que temos que analisar qual é o verdadeiro significado não só dessa e sim de muitas entre tantas datas que se instituíram como dia das mães, dos pais, natal, etc., e são sempre mais comerciais que significativas.

Não quero afirmar isso ou aquilo. Quero apenas abrir um parênteses nessa discussão onde se misturam datas religiosas e festivas com um questionamento que quase sempre fica esquecido, que é: Porque tem que ser sempre assim, os adultos ficarem cobrando das crianças o discernimento entre questões que eles próprios criaram? É tanto bombardeio entre as propagandas dos ovos de chocolate, tão deliciosos e coloridos e a história sobre o verdadeiro significado da Páscoa (só para ficar numa data específica) que pode ser Judaica, Cristã entre outras vertentes, com suas questões altamente complexas. Coisas que os adultos criam para tentar explicar sua própria existência. É óbvio que elas, as crianças, vão preferir a magia, a fantasia que rondam os tais ovos de páscoa. Nessa o "coelho" ganha disparado. Sem contar que as embalagens brilhantes, coloridas e alegres atraem e não negam seu conteúdo, verdadeiras guloseimas, o chocolate.

Lembro que na minha infância difícil e sem posses, eu só queria era me acabar nessas maravilhosas guloseimas (pagãs) a ter que ficar pensando no cordeiro (criança pensa é na sobremesa), sacrifício, crucificação, ressurreição, que soavam como algo muito estranho, pois não entendia como era possível alguém “voltar” após a morte. Eu queria era apenas ser criança. Me ocupar das coisas de criança. Aprender feito criança e não ser tão complicado como os adultos.

Tem muita desigualdade, injustiça e fome no mundo? Sem dúvidas há! Mas não foram as crianças que criaram esse cenário. Isso é resultado das mazelas dos poderosos, influentes e egoístas: adultos. 

Sim é muito importante falar de respeito, amor; ensinar sobre as diferentes culturas; conscientizar do que é certo e errado, enfim, dar bons exemplos; mas creio que o mais importante é tornar a vida das crianças mais alegre, divertida, e ver estampado em seus rostos tenros e angelicais, o sorriso verdadeiro, o brilho farto (tomando os cuidados necessários para evitar abusos) e entender que essa fase de magia passa tão depressa.

O que é certo ou errado? Eu prefiro responder com um trecho da maravilhosa canção de Gonzaguinha onde ele diz: “Eu fico/Com a resposta/Das crianças/ É a vida/ É bonita/É bonita/E é bonita...”. E que possamos ter uma Páscoa mais alegre (criança) em tempos tão difíceis (adulta).

Ecobueno

terça-feira, 15 de abril de 2014

Ascendeu, Vinícius


Aconteceu, algo tão divino
Alvoreceu essa luz, menino
Reascendeu a esperança
Reviveu em nós a criança

Amanheceu nosso sorriso
Entardeceu nosso juízo
Anoiteceu todos os indícios
Já nasceu, és tu Vinicius

Agora quando o dia raiar
Quando a noite chegar
És tu quem há brilhar
E seus olhos a nos guiar

ecobueno05

O Pagador de Promessas

Todo fim de ano é a mesma coisa. O velho se vai, e o novo renova todas aquelas promessas que são feitas no espocar dos fogos, tal qual a espuma das taças de champanhe, transbordam em frases vazias. Ano novo, tudo novo de novo!

E para que não ficasse só nas promessas, achei melhor, para começar o ano, deixar de lado o sedentarismo e fazer caminhada. A visita a uma loja de artigos esportivos repleta de cartazes divulgando a variedade de marcas e modelos, estampando imagens de pessoas lindas, sorridentes, correndo, levantando pesos com o minimo de esforço, alongando com flexibilidade elástica, dando a impressão de que é tudo fácil, me deixou entusiasmado. Quem sabe não estaria ali a "promessa" de um grande medalhista, eu.

Decidido falei com o vendedor, ou melhor, “personal salesman” - Hoje é assim, tudo tem um personal – que gostaria de comprar acessórios para caminhada. – “Walking”! Corrigiu ele, completando. - Sim temos, tênis com amortecedor, “shirts” que ajudam na transpiração, “shorts” que não apertam, stokings que evitam bolhas, tudo com tecnologia “high tech”. Foi assim que fui apresentado ao mundo “fit”.

Bem, só no dia seguinte, afinal ninguém é de ferro, precisava descansar da longa maratona de compras, devidamente paramentado fui para a pista. Apesar do aspecto do parque ser de abandono, nas águas do lago que onduladas pela brisa suave, refletiam os primeiros raios de sol da manhã, revelando um balé de cores únicas, era a natureza me dando as boas vindas.

Seguindo as orientações contidas numa dessas revistas de “health”, num breve aquecimento me preparei.  Me sentia um verdadeiro atleta. Zerei o cronômetro, arrumei os óculos contra raios UV, conferi a garrafa d’agua, respirei fundo e, mesmo com certa dificuldade devido a ação do tempo aliado a falta de exercícios e acrescido de algumas cirurgias, não me fiz de rogado, me lancei na pista num desfile desajeitado e cômico, porém sem perder o entusiasmo.

Após ter conquistado alguns metros, que pareciam quilômetros, ainda via a linha de partida colada aos meus calcanhares. Sem contar que me sentia culpado por esbanjar o precioso liquido numa época de racionamento de água, devido ao suor que escorria pela face.

Ofegante e já pensando em desistir, eis que vejo passar por mim uma pessoa com seus traços senis, deixando claro que sua idade era bem mais que meio século. Foi tão rápido que me fez sentir uma espécime em extinção.

Ah, isso mexeu com meus brios. Não poderia engolir tamanha afronta. Mesmo quase desvalido, resolvi dar o troco. E num esforço sobrenatural, com os passos trôpegos, fui ao encalço do ilustre “desafiador”. A cada passada era possível ver que o espaço diminuía. Mais um pouco e a vitória seria avassaladora.

Tentava pensar em algo que pudesse dar o troco e mostrar minha “superioridade”. Mas como as forças eram raras, o cérebro mal funcionava, se conseguisse, ao ultrapassá-lo, fita-lo com olhares de desdém e dar de ombros já seria a glória. O doce sabor da vingança me fazia continuar mesmo que o corpo quase sem energia reclamasse pelo descanso.

Foi o que fiz, ou melhor tentei fazer. Quando estava lado a lado, empinei o nariz, estufei o peito e dei aquela olhada de soslaio, desafiadora e desdenhosa. Mas não imaginei que tamanho esforço, para um corpo já se esvaindo em si mesmo, poderia ser tão perigoso.

Isso ocasionou uma reação em cadeia. Resultado: Os braços perderam o ritmo, a vista escureceu, o quadril travou e as pernas trançaram. Perdi o compasso e o tropeço nos próprios calcanhares foi inevitável. Num átimo de tempo me senti o verdadeiro Dom Quixote, personagem de Cervantes, quando em uma das suas inúmeras alucinações, de lança em riste, montado em seu cavalo Rocinante e imaginando que as pás de um moinho de vento fosse um gigante ameaçador, parte para o ataque. Quando a lança atinge essas pás, combinado com o vento, elas giram e o projetam violentamente no ar, o que lhe dá a doce sensação da liberdade de estar voando. Caí na real, ou melhor, no chão espalhando óculos e garrafa d’agua pelo caminho.

As pessoas prontamente me ajudaram. Mesmo com dificuldades, tentei me refazer dando a falsa impressão que fora apenas uma queda acidental. Mas pensei: Ah, se soubessem da minha verdadeira intenção. Melhor não deixar transparecer. O castigo veio a cavalo, ou melhor, a passos de tartaruga. Meio sem jeito agradeci e saí o mais rápido que pude. A dor das escoriações não eram maior que a dor da vergonha. 

Esse foi o fim trágico de algo que nem havia começado. E a Promessa? Que promessa?!?! Melhor voltar para minha sedentária insignificância de onde jamais deveria ter saído. Prometo.


Ecobueno

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Conheci-a















        Conheci-a
        Era linda
        Era doce
        Era macia
        Linda aos olhos
        Doce aos beijos
        Macia aos dedos 

        Conheci-a
        Era suave
        Era calma
        Era branda
        Suave ao vento
        Calma n’alma
        Branda ao sentimento 

        Conheci-a
        Era tudo
        Era o sempre
        Era o nada
        Tudo que criara
        Sempre o que sonhara
        O nada que não queria 

        Conheci-a
        Na verdade desconhecia
        Que mesmo conhecendo-a
        Tê-la, não poderia 
 
         Ecobueno

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Homens de Marte, Mulheres de Vênus

O que acontece entre o universo masculino e o feminino, é algo inusitado e imprevisível. Não existe uma formula a ser seguida, afinal, parafraseando John Gray, homens são de Marte, mulheres de Vênus.
   
Existe a máxima de que os opostos se atraem, mas nem sempre isso se confirma. A mulher é criada sobre alguns valores bem distintos dos homens. Mulher é emoção; homem é razão. Mulheres acreditam nos sonhos; homens na praticidade. Mulher é carinho; homem é toque. Mulher é sensação; homem é reação. Mulher é inspiração; homem é transpiração. Mulher tem sexto sentido; homem, imediatismo. Mulher é família; homens, círculo de amigos. Mulheres trocam confidencias; homens conquistas. Mulher é sensibilidade; homem intuição. Mulher é amor; homem, sexo. Enfim, seria possível continuar descrevendo um enorme rosário sobre as diferenças de cada ser.

E em meio a esse turbilhão, fico entre a cruz e a espada. Afinal nasci de uma mulher, mas sou homem e fui criado dentro de uma sociedade machista. Recebi dos seios, os primeiros sumos da vida, porém segui meu caminho masculino, como homem que sou, ou deveria ser. Convivo com seres do sexo feminino. Gosto delas e parte do que elas gostam me fazem bem. Tento entendê-las, mas nem sempre consigo, afinal meu instinto é masculino.

Por ter esse instinto, penso, anseio, desejo, sofro e vivo como tal. Às vezes me sinto perdido entre um mundo e outro. Mesmo ambíguo; como seria bom ter a força e a delicadeza. Ter a emoção e a razão. Ser inspiração e transpiração. Ter o sexto sentido e o imediatismo. Ser família e conviver com o círculo de amigos. Ser confidente e saborear as conquistas. Ser de Marte e habitar Vênus. Aliar e viver em harmonia com amor e sexo. Enfim, com a união do contraditório, ser completo!

As diferenças são tão gritantes que ao tentar viver essa emoção, poderei confundir-me (ou se confundirem), ou até mesmo perder o norte. Ao mesmo tempo penso que poderia acontecer o contrário e então me realizaria definitivamente. Depois concluo que a complexidade feminina ainda não seja acessível a um mero mortal (homem), que sou.

Em momentos difíceis, entre Vênus e Marte, busco uma compreensão, mesmo que pequena (conforme limitações óbvias). E diante de tantas diferenças, a única coisa que tenho certeza é que as lágrimas que caem – comuns a ambos - são fragmentos desses sentimentos tão difusos.

Quem sabe um dia, possa evoluir feito a alma feminina, e nesse dia saberei, que tanto homem como mulher (mais o homem), verão, entenderão e se completarão pela mesma ótica. Então, quem sabe, minhas limitações sejam diminuídas. Sendo assim essas dores que hoje carrego, devido a insipiência nata que me é peculiar, e que revelam a falta do conhecimento e sensibilidade da alma feminina, sejam apenas lembranças distantes que não mais abalarão minhas finitudes masculinas. E assim, não mais me verei  tão só.


Ecobueno 

Janela

















Hoje ao abrir a janela
Vi o dia que se formava
Com sua luz ainda esmaecida
Num tom diferente
Tomando o infinito, crescente
Senti uma vontade de gritar
E dizer o quanto te amo!
Mas o eco surdo do silêncio
O grito, na garganta estancou
Não foi pelo medo de expor
Um sentimento simples, porém único
O que meu grito, silenciou
Foi lembrar a ausência desse amor
A janela, fechei...


Ecobueno


terça-feira, 1 de abril de 2014

Palavras & Chocolates


Palavras e chocolates
Tão sublimes deleites
Externam os sentidos
Para expressar: doce saber
Para o paladar: suave sabor
Um, a alma encanta
O outro, o corpo alimenta

ecobueno