quarta-feira, 30 de julho de 2014

Raro Mosaico


Ao receber as felicitações, queria deixar o meu agradecimento a todos que ajudaram a escrever e a enriquecer mais um capitulo do meu existir. 

Porém, seria algo muito generalizado se dissesse simplesmente, “muito obrigado a todos!”, afinal cada um trouxe, a sua maneira, um presente, suas emoções. Por isso tentarei dizer, em núcleos e se possível, cerzir (compor) nome a nome, esse raro mosaico de formas e cores de matizes diversas, o quanto representam nesse preludio diário.

O que dizer da Beatriz, minha pequena que tantas alegrias proporciona; Vinicius, idem, um menino que é pura luz; Ana Lucia, que nos presenteou com essas crianças maravilhosas e tal qual, é simplesmente adorável, Luciano, pai e colaborador dessas alegrias; Agostinha (mãe) que me acolheu em teu seio familiar e me inspirou ao fulgor da vida,  Paula amiga, irmã, sempre presente; e Zé, o complemento. 

Recorrente em meus dias, sempre traz alento, Quésia; Mara (Maria), guerreira, revela que há várias maneiras de bendizer a vida; Timóteo, Luciana, Bio e Lucas, um espelho que reflete a família e o respeito; Josué e Maria Claudia (Cacá) amigos para todos os momentos; Gisele e Tito, a juventude que contagia num sorriso; David e Sueli, que nos deu a vívida e encantadora Suellen; Edson e Pryscilla, que se completam na candura da Isabella; Tiago e Nilda irromperam nesse presente, a doce Gabriela; Agnes, de encantos mil; Jeremias, pai e avô.

Assim os núcleos vão se encontrando, se emaranhando e me enriquecendo. Maria Aparecida (Preta), quantas e boas lembranças; Cida, que transcende sua mineirice verdadeira; Adriano, o passado que sempre volta num presente.

Sigo alinhavando e me aprimorando em cada personalidade: Michele, a docilidade que se traduz no olhar de um azul infinito; Renata descoladamente dançante; Juscélia, enigmaticamente serena, Thais, criativa e cativante; a sobriedade da Carla e a vivência do Nelson.

Entre tantos personagens, difícil falar, sem por um lapso, esquecer alguém. A gente corre mundo e os personagens vão multiplicando os sentimentos dessa preciosidade, o viver. E assim, a vida se funde com novos protagonistas que emolduram e enriquecem cada página: Luciana ((Lu)minada), inspiradora, grata e rara surpresa; Cris (Albuquerque), a verdade e o respeito num sorriso sincero.

Encontros e despedidas, ainda fazem parte desse emaranhado de linhas por onde passei e que valeu cada instante. Quanta saudade do astral indefectível da Marisa, a espontaneidade da Amanda; da acolhedora Ednalva.

A singularidade, quando se junta, forma esse maravilhoso mosaico de diversidades. E em meio a tantas personalidades e suas diferenças, a evolução dessa magia se renova a cada amanhecer, é simplesmente a vida!

Espero ter conseguido falar de cada um, que com uma nota (mensagem) me desejaram um dia melhor. Saibam o quão difícil é fazê-lo, pois o medo de esquecer algo, uma característica, uma peculiaridade que ressalta cada um, existe, ainda mais quando a emoção é latente. Mesmo os que não estiverem aqui (desculpem a minha limitação), sempre comporão esse lindo mosaico. Valeu!


Ecobueno14

terça-feira, 29 de julho de 2014

Data Estelar: Lua Vazia em Leão!

Noite alta, insone. O mesmo lugar de outrora.
Alguns minutos de um novo velho dia, anuncia.
O ar frio da noite penetra a alma e traz à memória.
Breves palavras de um diálogo revelador.
Sem cerimonias, fitando meus olhos, sorri solenemente e emenda:
- Sou o que você chama de sentimento mais profundo!
E tal qual havia chegado e se revelado,
De um ímpeto, sorrateiramente silencia.
Talvez, para não ser explicitamente debelado. Medo? Quem sabe...
Sim, fora na mesma data e lugar que nos encontramos outras vezes.
Vinte e nove de Julho!
Tais palavras ecoaram e martelaram por instantes, 
Sem que conseguisse dimensionar, curiosamente indaguei:
- Quem, e o que queria me dizer?
Depois de algum tempo, descobri. Ou melhor, senti.
Que me falara, era o mais primitivo dos sentimentos.
Aquele que invade, cobra e revela a minha condição.
Ele é latente, mesmo desmentido, é desmedido e marcante:
Solidão!

ecobueno14

segunda-feira, 28 de julho de 2014

(E) Du VIver

  







A vida é assim, dias de desilusão,
Momentos árduos, que a tudo distorce
E nesse turbilhão bate aquela sensação
De que nem adiantam,  as preces

Passa-se o tempo, dias tantos
Cada instante parece uma eternidade
Tudo se arrasta, segue a passos lentos
Os desencontro, triste realidade

Mas o tempo é o melhor remédio
Pacientemente seu rumo, segue
Dissipando ao vento esse tédio
Que hora nos deixava entregue

Então percebemos, que tudo na vida
É uma sequência, uma combinação
Tristezas, alegrias, sorrisos e lágrimas
Mas que no final é pura redenção

E quando tudo isso passa
Qualquer coisa, a mais singela
Mostra o quão a vida é intensa
E um pingo torna-se uma aquarela

A vida é assim, intrigante e bela
É divina, é plena, é emoção
É verbo, é consciência, é coração
É assim feito ela: Gabriella!

Ecobueno2008



terça-feira, 22 de julho de 2014

Linha Tênue - Enésima Cirurgia

Abri os olhos e a luz branca do teto ofuscou minha visão, mas era possível ouvir sons característicos de aparelhos eletrônicos, aqueles que controlam batidas cardíacas, pressão e respiração. Ligado ao meu braço uma sonda que me conectava a um frasco com liquido incolor, soro talvez, lá no alto e regava minhas veias. Desviei o olhar para o lado e pude reconhecer a sala. Sim, me lembrei que pela enésima vez, havia passado por mais uma cirurgia para retirada de calculo renal. Numa das paredes o relógio mostrava o adiantado das horas, indicando que a cirurgia havia demorado mais que o previsto.

Apesar de não ser inédito para mim, pois foram tantas “visitas” a esse ambiente, posso garantir que senti uma alivio por estar de volta. Apesar do mal estar, sonolência e a dormência que vão sumindo com o passar das horas, podia ouvir, ver, sentir, e perceber que nada de errado acontecera.

Ao chegar no quarto,  a TV  sintonizada num telejornal bradava suas noticias, nada alvissareiras. Enquanto estava anestesiado, acontecera muitas coisas. Para começar, um avião com 298 passageiros caíra e não havia sobreviventes. Triste, mais um acidente aéreo; ponderei. Engano meu, pois o Boing 777 da Malaysia Airlines, voo MH17, fora abatido quando sobrevoava uma região de conflitos na Ucrânia, por misseis. No Oriente médio, Israel, além de bombardear, invade o território da Faixa de Gaza. Talvez estivesse vendo noticias requentadas, imaginei. Mas não. Os ataques na região aconteciam no mesmo instante em que estava no centro cirúrgico.  Mais mortos, mais feridos em uma guerra interminável onde todos acham que tem razão. Triste.

Aqui em terras tupiniquins João Ubaldo Ribeiro, autor de vários romances, alguns adaptados para o cinema, teatro e TV e ganhador do prêmio Camões de literatura e Rubem Braga, referência em temas relacionados a educação, filósofo, escritor, educador, teólogo, ensaísta e autor de livros infantis, talvez cansados de tantas notícias tristes, resolveram desistir. Ficamos um pouco mais iletrados.

Foram notícias que chegaram num momento, na minha condição, não muito propício. Fiquei imaginando como a vida é uma linha tênue e pode ser rompida a qualquer instante. A morte é indelével, sei. Com a despedida de João Ubaldo e Rubem Braga, apesar de tudo, eles provavelmente cumpriram um ciclo, acredito.  Mas no caso  do ataque ao Boing e na invasão de Gaza, muitas vidas, inclusive de crianças, foram tolhidas em nome da intolerância, do egoísmo e do poder. É o triste paradoxo da guerra em nome da paz.

É muito estranho, apesar das inúmeras cirurgias, estou aqui e sei que lá fora o mundo e as pessoas que respeito e quero bem, me esperam. Sim acordei, porém mais anestesiado que nunca, pelo golpe dessas noticias trágicas. A constatação é de que enquanto tive que fazer essa breve parada, o mundo continuou sua trajetória. Muitas coisas aconteceram. Muito se perdeu e nada mudou. Continuo com os cálculos, mas posso comemorar o sopro da vida.



Ecobueno14

segunda-feira, 14 de julho de 2014

O Craque Centenário - Pablo Neruda


Sábado doze de Julho, enquanto muitos ressentidos da derrota no inicio da semana, procuravam esquecer a hecatombe. Outros juntando os cacos e ainda usando verde e amarelo, insistiam em torcer pela conquista do terceiro lugar que, infelizmente, mais uma vez, foram contemplados com a melancólica despedida da seleção (zinha) da copa de 2014. Outra decepção! Ventou-se que era o jogo da laranja contra o bagaço. Triste, arremate.
 
Mesmo com toda essa celeuma futebolística que, durante um mês, tomou conta de todos os meios de comunicação onde só se falava em jogadores, esquemas táticos, derrotas e vitórias, algo menos efêmero acontecia; o 110o aniversário de um verdadeiro craque, que ganhou a copa, o prêmio Nobel de literatura, e deixou seu legado,  Pablo Neruda.
 
Neruda, poeta chileno, era visceral, seus poemas vinham da alma, dono de uma lírica que ainda hoje inspira, invade os sentidos e ao mesmo tempo estremece e cadencia os momentos felizes ou de pura solidão. De uma escrita sensivelmente vulcânica que jorra palavras num ritmo frenético, não nos deixa incólume diante da sinceridade e rudeza de seus versos.
 
Quando numa entrevista, perguntado se não tinha receios de mostrar seus medos e segredos, dizia com voz serena, porém firme, que “os únicos mistérios que vale a pena ocultar dos olhos alheios, são os mistérios das origens da criatividade, o que nós temos no mais íntimo”, isso me despertou para sua obra explicita e carregada de sentimentos.
 
Entre tantos livros, destaco Cien Sonetos de Amor, dividido em capítulos: Manhã, Meio dia, Tarde e Noite, onde isso se revela com maestria. A paixão pela vida, pelo mar, pela luz, natureza e por quem o fazia se externar sem medos, estão em cada verso de:
  Soneto II;
Amor, cúanto caminos hasta lhegar a un beso   Amor, quantos caminhos até chegar a um beijo
Qué soledad errante hasta tu compañía!            Que solidão errante até tua companhia     
Siguen los trenes solos rodando co la lluvia       Seguem os trens sozinhos rodando com a chuva
En Taltal no amanece aún la primavera             Em Taltal não amanhece ainda a primavera

Pero tu y yo amor mío, estamos juntos               Mas tu e eu amor meu, estamos juntos
Juntos desde la ropa e las raíces                        Juntos desde a roupa às raízes,
Juntos de otoño, de agua, e caderas                   Juntos de outono, de água, de quadris
Hasta ser só tú, sólo yo juntos                            Até ser só tu, só eu juntos. 

Pablo Neruda também falava de política, sociedade, das guerras e suas dores como em Canto de amor a Stalingrado e Confesso que He Vivido,  também soube falar de morte e vida em Corazón Amarillo, reverenciou a natureza e a história em Canto General, enfim, denunciava, revelava, acalantava. E com essa pluralidade, encantava e emocionava. Pena que sua obra e vida não teve tanta “importância” midiática quanto o modorrento ludopédio.
O seu nascimento e sua imensa obra, fez de Julho, um mês (por coincidência o meu, também) cinza e frio do inverno, na América Latina, um mês de cores e brilho intensos, para enaltecer com seus poemas o que a vida tem de melhor. Neruda escreveu, "(...) A poesia perdeu seu vínculo com o distante leitor... É preciso recobrá-lo".
 
Entonces yo sére tu poeta            - Então eu serei seu poeta
llegaré com mi lira                      - Chegarei com minha lira
A cantar em tu aroma                 - Para cantar no teu aroma
 
Por isso vale a pena lembrar, revisitar ou redescobrir a vasta obra de Pablo Neruda!
 
Ecobueno14

sexta-feira, 11 de julho de 2014

De Limões a Limonada

Depois te ter saído de mais uma cirurgia, ainda na convalescença, coincidiu que estaria em casa bem no dia do jogo entre Brasil e Alemanha. E o jogo que vi, onde só tinha um time em campo, pode ser resumido em uma palavra: Avassalador! Mas, deixando o ufanismo de lado, e sem crucificar os jogadores, é possível tirar algo de bom disso tudo.

Uma lição que muitos, devido ao patriotismo, esquecem. O jeitinho brasileiro não vence mais! A vitória com propriedade é coroada pelo planejamento, obediência tática,  treinamento, coletividade e principalmente o estudo. Sim, estudar o adversário, suas forças e fraquezas e ter no mínimo uma estratégia é o que cabe em todos os lugares. Vença ou não.

Sete gols em uma tarde desastrosa, que premiou uma equipe de verdade, uma seleção, Alemanha, que tinha tática, técnica e coletividade, trouxe a tona a realidade do adversário. Um Brasil perdido em campo, desentrosado, desfigurado e pior, sem comando. Onde estava o líder? Sentado em berço esplêndido, banco de reservas, sem atitude, sem ação, simplesmente assistindo a derrota de seus comandados. Triste.

Uma derrota não é o fim, mas um começo, acredito. Ela serve, sim, para questionar que um País com cinco campeonatos mundiais, se isso realmente fizesse a diferença, não merecia estar estar em condições bem melhores das quais se encontra atualmente? Se não vejamos, escolaridade baixa, saúde deficiente, transporte publico caótico, impostos escorchantes, respeito às leis e ao coletivo esquecidos, partidos políticos que mais parecem empresas visando lucros, governantes que querem se perpetuar no poder a qualquer custo, cuidam do publico com se fosse privado e se servem de uma paixão nacional, o futebol, para anestesiar seu povo.  Até quando?

É certo que esse não é o desfecho que nós torcedores queríamos, mas é um choque de realidade. Principalmente quando uma seleção joga na dependência de um astro, ao invés de ter o planejamento, a tática e a coletividade para atingir seu objetivo.

Uma contusão providencial livrou o “astro” de ter em seu currículo essa derrota. Isso revela que a dependência em uma estrela solitária, faria com que o céu, se ela se apagasse um dia, ficasse no breu, igual a essa tarde.

Perder ou ganhar faz parte das competições. Mas depois de um vexame desses, perder de sete e não ter reação, deixou explicito a falta de planejamento. Não cabe pedidos de desculpas. Não preciso dessa felicidade que queriam nos dar, como confessou um dos jogadores aos prantos, mais uma vez. A minha felicidade não depende de uma partida de futebol, ela não é um jogo. Quero conquistá-la com meus defeitos e minhas qualidades. Sem enganos ou pano de fundo. O futebol é algo mágico, imponderável, une multidões, mas é isso, apenas um esporte. Amanhã terá outra copa, torceremos de novo e a vida segue. Não é uma questão de alegria ou tristeza, vida ou morte.

A conquista exige diariamente esforço e trabalho constantes. Só assim é que o conhecimento vencerá a esperteza e os fins jamais justificarão os meios. E nada de monopolizar achando que Deus é brasileiro. Outubro sim, será a verdadeira copa. Essa deixará, se não tiver atenção, ganhadores e perdedores, de verdade.

Ecobueno14

quinta-feira, 3 de julho de 2014

A Viagem da Vó Luzia

Dia menos dia chega o momento de se despedir. E como falar de algo tão triste sem usar clichês? Foi o que pensei ao receber tal noticia. Respirei fundo e decidi: nada de tristezas e melancolias nas palavras, melhor tentar resgatar e eternizar as boas lembranças.

A vida se assemelha a um trem com seus vagões (famílias), que segue em seu trilho (caminho) contando a história (vida) de seus passageiros. Ambíguo, é o mesmo da chegada (nascimento) e o da partida (descanso). Pessoas embarcando e desembarcando a cada estação, dias, meses, anos, sem interromper seu curso. Mesmo que isso aconteça a todo instante, chegada e partida, num “belo” dia a hora da despedida é inevitável. Então, nos damos conta que alguém desceu na plataforma daquela estação e não embarcará novamente. O sentimento de vazio irrompe todo o vagão.

Desse momento em diante, certamente, a viagem será um pouco menos feliz, sim. Mas a tristeza não pode se sobrepor, mesmo que o sentimento de dor insista, a viagem tem que continuar. Quem desembarca é porque já completou seu ciclo.

A semente que é fecundada, nasce, ramifica, cresce, floresce e dá frutos, é o ciclo do milagre da vida! E você, vó Luzia, o completou com tamanha destreza e muita competência. Por isso, o seu desembarque não pode ser motivo de sofrimento, mas sim de boas lembranças. Pois com sua clarividência, paz, energia e sabedoria, nos deixou um colorido diferente nessa matiz de cores que é o viver. Por isso, é preciso continuar com os embarques e desembarques, dar sequência e celebrar o que nos ensinou durante sua viagem.

Uma mulher que soube cumprir seu ciclo de forma natural e deixou em cada chegada e despedida, sua marca. A marca da alegria, do respeito, da perseverança, e acima de tudo, do amor. Amor para com os seus, para aqueles que tiveram a sorte de partilhar e compartilhar suas belas histórias e ensinamentos.

No dia do seu desembarque, o céu sem nenhuma nuvem e de um azul perturbador, reLuzia nas janelas desse trem, como se nos avisasse que não é momento de tristeza, de pesares talvez, afinal alguém com essa aura única, jamais passará sem deixar a sensação de vazio, uma saudade que muitas vezes não cabe em nós. Mas, esse céu inquietante revela que és parte indissociável da obra divina e jamais se apagará. Luz!

Sim, é difícil segurar as lágrimas, pois a limitada compreensão e o egoísmo que nos é peculiar, faz com que pensemos que algo de importante teve fim, mas não é bem assim. Sua presença estará em tudo que possa ser lembrado, na sua infinita sabedoria, no seu espírito guerreiro, no amor incondicional de mulher, mãe, avó. Também na presença física dos seus frutos, que continuarão seu ciclo. E dessa forma, a locomotiva jamais há de parar e tão pouco encerrar seu ciclo.

Vó Luzia (desculpe, também me considero seu neto), a sua luz, noite e dia continuará a iluminar os trilhos desse trem, vida. Obrigado e "Boa viagem".


Ecobueno14