segunda-feira, 30 de junho de 2014

Choro Amarelo: Brasil x Chile

Comentar uma partida de futebol, depois que ela termina, pode não ser tarefa difícil, mas para quem um dia praticou esse esporte, sabe que isso pode ser uma simples conversa de botequim ou causar discussões homéricas, afinal ele mexe com a paixão do torcedor, ainda mais quando se fala da seleção nacional. 
 
O que vou comentar, não é sobre a vitória sofrida da seleção, e sim o que aconteceu com nossos “heróis” do ludopédio. Uma equipe badalada, jogadores experientes, que atuam nos melhores campeonatos da Europa, acostumados com estádios grandiosos (arenas), empurrados por suas torcidas fanáticas que gritam e cobram o tempo todo. Não são meninos inexperientes e tão pouco coitadinhos jogados as “feras” e tentando a qualquer custo sobreviver. Tiveram mais de um ano de preparação, amistosos aos montes, copa das confederações, tudo para aprimorar aquilo que mais fazem em suas vidas, jogar futebol.

Mas o que foi aquilo, uma equipe que após levar o gol de empate se acuou como se estivessem em campo e torcida adversários?! Um a um no tempo normal. Zero a zero na prorrogação e... lágrimas?! Não entendi, afinal ainda não haviam perdido, faltavam os pênaltis. E aquela imagem: O capitão da seleção, no meio de campo, chorava sentado sobre a bola, desolado, como se tudo estivesse acabado. Resultado: Foram bater os pênaltis e minhas suspeitas se confirmaram. A cada chute, pareciam que rifavam a bola, teriam esquecido a técnica, era nítido que a queriam o mais distante possível e o quanto antes. Um show de pênaltis errados. O goleiro foi importante, sim, apesar de ter se adiantado, mas qual o motivo de chorar antes das cobranças? Era o reflexo de um time assustado, abalado, sem saída e emocionalmente fragilizado.

Hora direis: Esse é um momento de extravasar as emoções, as lembranças das dificuldades por que passaram volta num filme e desagua em lagrimas. Isso é do ser humano e chorar é a demonstração dessa essência. Tudo bem. É plausível. Mas só para refrescar a memória, vamos voltar ao final da copa de 94. O capitão era Dunga, muito criticado, pois foi culpado pela perda da copa de 90, e mesmo assim na hora dos pênaltis não se abalou. O goleiro era Taffarel, que mesmo questionado pelo mesmo motivo, não derramou lágrimas antes das cobranças, e defendeu pênaltis importantes. Ah, e Romário assumiu as responsabilidades e não sumiu em campo. Foi o dono da copa. Fez de tudo um pouco. O herói do tetra nos Estados Unidos.
 
Futebol é isso, se ganha ou se perde dentro das quatro linhas, mesmo não sendo um dia bom, mas com o emocional equilibrado.  Afinal, do outro lado também tem outros tantos querendo ganhar a mesma partida. Sem contar que não é sempre o melhor time que ganha. Que diga aquela bola do Chile que explodiu no travessão no final da prorrogação. Esse é o encanto do futebol, diferente dos outros esportes,  nele tudo pode acontecer, a zebra, o imponderável, enfim. Mas atletas de alto nível, pois são escolhidos dentre tantos, não podem se deixar abalar antes mesmo que o jogo termine. Isso demonstra a instabilidade emocional do grupo e sua dependência em um só tipo de jogada.

Não torço contra a seleção, mas se não tivessem ganhado nos pênaltis por pura sorte (ainda bem), hoje, ao invés de serem tratados como  heróis ou jogadores sensíveis que colocam o coração nas chuteiras, estariam sendo achincalhados e comparados a bebês chorões, que ficaram da cor da camisa que usavam, amarelados. Como dizia Nelson Rodrigues: “com complexo de vira-latas”. Que venha a próxima partida e que as coisas melhorem. Espero.

Ecobueno14

terça-feira, 24 de junho de 2014

Eles Revelam

São pequenos pontos luminosos localizados estrategicamente no cume mais elevado, emoldurados por franjas longas ou curtas, flavas ou trigueiras, de onde é possível ter uma magnifica panorâmica. Não são grandes em dimensões, porém tem uma amplidão invejável e, além de tudo, são capazes de traduzir sentimentos sem dizer palavra alguma.

São aos pares, compostos: diamantes-negro, azuis-turquesa, cerúleo, ou mareado, verdes-esmeralda, turmalinas, tão diversos quanto raros. Tem brilho próprio, cores vivas e vibrantes, ávidos por absorver, desvendar os segredos dessa imensidão, mundo.

Por esse maravilhoso instrumento, a luz adentra, escancara matizes de claros e escuros e, feito prisma, nos reflete essa possibilidade de imagens, cores e formas. Ao mesmo tempo decanta e enriquece a beleza ao redor; arco-íris.

Desbravam esse mundo intrigante, emocionante, cativante, inquietante, diverso. Faz perder o fôlego quando mira essa pintura, céu e mar que se juntam no horizonte. Farol no mar. Despertam, ascendem à luz das manhãs, curiosos, percorrem o dia até o entardecer, refletem as estrelas e o brilho do luar e quando o cansaço chega, feito eclipse, serenam.

Mesmo quando não estão alertas, fechados para o mundo, num merecido descanso, no sono, as imagens hora refletidas, luzes da memória, serão relembradas em todos os seus detalhes, flashes, como numa fotografia, que ilustrará os sonhos.

Nada é tão múltiplo e ao mesmo tempo, tão singular. Altivos, paralelos, acompanham movimentos, gravam momentos, desvendam sentimentos, dores e alegrias. Muitas vezes revelam um ser tão maravilhoso, que num belo dia há de emanar sua luz, um presente, às vezes com ares de interrogação, timidez, espanto, desdém e emoção, a fim de refletir em sua órbita, nossa imagem e semelhança, dessa alegria vinda de uma cor sublime, enamorada. Vida, luminada.
 
O tempo passa, os traços do rosto se acentuam, o corpo cansa, a voz embarga, o cabelo perde a cor, o andar se acalma, mas eles jamais perdem o brilho, a paixão e a vontade de observar, enquanto energia tiver. Ah, eles iluminam e revelam de uma maneira tão simples e peculiar, risos e lágrimas, num simples piscar. Seus olhos!


Ecobueno





sexta-feira, 13 de junho de 2014

A Copa das Copas

O dia estava quente, ensolarado, céu de um azul intenso, mostrava que não poderia ser diferente em terras brasileiras (tupiniquins). Confesso que estava apático, ainda continuo, principalmente, depois de tantos protestos de "vai-não-vai", ter copa.

Chegou a tarde, muito agradável por sinal e, apesar de não estar tudo cem por cento, devido alguns probleminhas, o estádio e seu entorno precisando de acabamentos, vaias para a presidente, ou seria “presindenta” e os incidentes (protestos), tudo seguia seu curso... #vai ter copa.

Todos reunidos, criançada no clima, para eles é a primeira copa, e ainda no Brasil, coisa que até eu jamais presenciara, e o show de abertura começa. Onde? Indaguei. Pois o que se viu ali, apesar do empenho dos participantes, do colorido e do esforço das redes de TV em mostrar o grande feito e agradar seus patrocinadores, é que não havia empolgação.

Quando surgiu a “musa” da copa, aí não me contive. O senso crítico falou mais alto, e me perguntava: quem foi que teve essa ideia genial de colocar a Claudia Leite para cantar na abertura da copa? Que piada de mal gosto! Sem contar o figurino, (no mínimo lúdico, pra não dizer outra coisa) parecia ter sido inspirado na galinha Pintadinha. Com tantas beldades da nossa musica, tanto na forma como no conteúdo, tinha que ser ela? 
Vá lá, é uma festa da FIFA, mas essa mistura de Jannifer Lopez, Claudia Leite e Pitt Bull, não deu liga. E aquela musica? Quase chorei. Sem contar  que a falta de sincronismo do som com a leitura labial dos cantores, denunciava que era playback. Estava difícil. Ainda bem que terminou logo. Ah, não poderia deixar de perguntar: Alguém viu o pontapé inicial do exoesqueleto de 33 milhões? Uma estrutura que pesa 70 quilos, que na prática não é tão revolucionário e muito menos tão benéfico como dizem. Um legado, ou outro engodo? Não resisti. Lembrei daquele personagem americano, "CIBORG- O Homem de 1 Milhão de Dólares". Quem lembra disso? E por anda o "Fuleco"?

Bem, o jogo ia começar. Como ninguém é de ferro, a animação voltou. Todos na expectativa, cornetas, apitos, gritos, risos e o hino nacional. Valeu a tentativa. Jogo começa. O gol da Croácia, ops, contra. Balde de água fria. Logo na abertura da copa perder para esse timinho? Até que, tinha que ser ele, Neymar chuta “mascado”, e a bola mesmo fraca, caprichosamente, bate na trave e entra. Gritos, de consolo. Pelo menos não perderíamos. Um empate seria melhor que a derrota. Mais algo acontece; Fred cai na área. Num lance de sorte ou estava no script? O juiz marca penalty! De novo ele, Neymar, chuta e, quase o goleiro defende, gol. Gritos de alívio. O jogo fica perigoso. O adversário pressiona, até que numa roubada de bola no meio de campo, outra jogada duvidosa, Oscar arranca em direção ao gol, chuta de bico e... gol. Mais gritos, de euforia! Não há dúvidas, Deus é brasileiro. Ufa...

Num começo de noite que coroava o belo dia, a lua cheia e imponente, iluminava o céu, lembrando que também era dia dos namorados. Mas em campo o que se viu foi uma festa de abertura que não empolgou, uma seleção com a bola quase murcha e, com a colaboração do juiz, ganhamos. O que valeu? A reunião, a empolgação dos pequenos, as boas risadas que demos e a pipoca com gosto de quero mais. A nossa festa! Ah, e quanto foi a partida, mesmo?


Ecobueno14

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Art Of Love


Mês de Junho, no dia doze, se comemora o dia dos namorados, aqui no Brasil. Nada melhor que falar dele, que apesar de ser um tema tão batido, ainda assim é renovável. Ambíguo, feito o viver. O amor.

Iluminados como Buda, Jesus Cristos, Maomé, Gandhi, Madre Tereza, Kardec, Martin Luther King, entre tantos, tiveram suas lições ligados ao amor. E esse sentimento que além de ter sua definição clássica, também significa procurar o melhor de cada ser.

Erich Fromm, psicanalista, destaca em seu livro A Arte de Amar,  que: “o amor é a única resposta sadia e satisfatória para o problema da existência humana”-  pena que nem todos veem assim.  O poeta Carlos Drummond de Andrade em Amar se Aprende Amando, reforça: “amor, a descoberta de sentido no absurdo de existir”.


No filme O Amor é Contagioso-baseado em fatos reais - Patch Adams, ensina-nos que o grande antídoto para as enfermidades, é o amor. Sim, o carinho substitui muitas vezes, a frieza dos hospitais. Na musica, Amadeus Mozart, compositor clássico, disse: “nem uma inteligência inusitada ou grande imaginação, nem ambas juntas fazem um gênio. Amor, amor, amor é alma do gênio”. Camões em Sonetos de Amor, diz que: “Amor é o fogo que arde sem se ver/É ferida que dói e não se sente”. Genialidade em prol de um sentimento maior.

Apesar de ser tema tão repetido, ainda assim se renova, é o veio central da vida. Acredito que é o sopro da criação, dá-nos a forma e a emoção. Gabriel Garcia Marques, o Gabo (1927-2014), em Memórias de Minhas Putas Tristes, revela que o amor é essencial na maturidade; escreveu: “O sexo é o consolo que a gente tem quando o amor não nos alcança”.

Mas tem os que encaram o amor de outra maneira. “(..) é o que há de mais trágico no mundo e na vida; o amor é filho do engano e pai do desengano”. Adverte o poeta Miguel de Unamuno. No filme 2046-Segredos de Amor, o cineasta chinês Wong Kar, mostra-nos, em sua visão que amor verdadeiro é impossível. Sendo assim, só o amor impossível é o verdadeiro amor, o parcial existe e nos excita. A única possibilidade humana é a incompletude.

Aquilo que sei sobre o amor – apesar de não ser o interlocutor ideal, devido ao meu anonimato – é que mesmo que pesem a opinião desses brilhantes autores a favor ou contra, ainda assim, só ele tem a chave para desvendar o mistério da existência humana e vencer a morte. Acho.

O amor vai além da possibilidade da revolução a dois, não está restrito aos casais, existem muitas formas de amar. É só prestar atenção que ele se revela.  “Se tiver o amor, jamais morrerá de sede no mar da vida”, disse o poeta. 

Por tudo isso, essa data seria uma das mais representativas, se não fosse por uma questão meramente humana e atual. Tudo, hoje em dia beira o imediatismo. Quem celebra o verdadeiro amor, num tempo em que os valores parecem perdidos em meio às banalidades?

Nessa data, muitos correm para comprar um presente, mas não dão conta que o presente maior é saber que a cada dia ele, o amor, se renova e se faz presente nos mais variados temas e formas do viver. Como escreveu Shakespeare “O amor, não se vê com os olhos, mas com o coração”. Por isso, eu simplesmente, amo.
 


terça-feira, 10 de junho de 2014

Greve, Pra Que Te Quero


Segunda feira, cinco e meia da manhã, o dia nem havia clareado, tive que sair, por livre e espontânea pressão, da estação Consolação do metrô, e seguir em sentido a Avenida Paulista, para tentar pegar o ônibus até a estação Ana Rosa, pois os metroviários estavam em greve.
 
Apesar de não estar muito animado, afinal eram quatro estações, mais de três quilômetros, até chegar ao meu destino, me recusava a me espremer dentro de um ônibus lotado com pessoas revoltadas, melhor “aproveitar” a caminhada, forçada é bem verdade, pela Avenida mais famosa de São Paulo, a fim de não perder a consulta. 
Temperatura agradável, uns 19 graus, compatível com o horário e a estação do ano. Em plena Avenida Paulista que preguiçosamente acordava, parecia mais longa do que normalmente é, e sem o seu glamour tão característico. Na calçada, as bancas de jornal abriam lentamente. A Avenida tão agitada e colorida, sem as luzes das vitrines, estava pálida e apática. O parque Trianon escondido em meio as sombras, não exibia suas tonalidades de verde, do que restou da exuberante mata atlântica, de outrora . O vão livre do MASP era de uma aridez que dava dó. No conjunto nacional, com apenas algumas luzes esmaecidas nas poucas janelas que delatavam que alguém chegara bem cedo, estava irreconhecível. A FIESP, prédio imponente, continuava impávido, e nem se ressentia da greve que prejudica a sua sustentação, dos trabalhadores. Um alento, a arquitetura e as rosas no jardim do Hospital Santa Catarina, deram o colorido e animo necessários para continuar.
Fora dos trilhos, fui galgando uma a uma as estações. Trianon-Masp, Brigadeiro, Paraíso (que paraíso?). Próximo a estação Ana Rosa do metrô, apesar das sombras da manhã e meio ofegante, percebia que o clima seria quente. Premonição? Quem sabe. De repente, o cenário típico de uma cidade amanhecendo, muda. Vi logo a frente aglomerações de pessoas afoitas com lenços cobrindo o rosto no meio da rua, paralisando o transito. Fumaça no ar, haviam colocado fogo em barricadas improvisadas. Não demorou e o som estridente de sirenes, gritos e o silvo de disparos de bombas de efeito (i)moral e palavras de ordem. Os repórteres com seus câmeras-man e microfones, ávidos por noticias, não sabiam para onde apontavam. O corre-corre, o barulho dos helicópteros que disputavam, hélice-a-hélice, um espaço no céu, que parecia tão limitado, davam a dimensão do que estava acontecendo.
 
Ali, entrincheirado, sob a marquise de um dos vários prédios, me sentindo acuado, observava tudo de uma distância, não muito segura, e esperava os nervos se acalmarem. A tropa de choque conseguiu dispersar os grevistas-manifestantes. Pude me aproximar e ver de perto o trabalho dos repórteres, a negociação entre o comandante da polícia e o representante sindical. Ao fundo escondido em meio a aglomeração, sempre surgia uma voz, incitando a revolta. “Libera os trabalhadores senão vou chamar a minha turma e isso aqui vai virar um campo de batalha!”. Muitos aplaudiam, outros vaiavam. Um coro começou: “Catraca livre, catraca livre”. Mais palmas. Outros diziam, “vamos invadir”. Era o caos.
E eu, em meio a esse caos, lembrei de quando tinha meus vinte e poucos anos, filiado ao sindicato e compartilhava dos mesmos anseios que os meus “colegas”. Os outros eram pelegos.  O agito, as palavras de ordem, as greves, eram uma forma de por para fora a grande insatisfação e rebeldia característico da juventude. Mas a coragem e a irresponsabilidade andavam juntas. E pensar que o tempo passa, mas tudo se repete.
 
Ops. Estava me esquecendo.  Hora de voltar a minha realidade. Tenho uma consulta marcada. E no na hora de retornar? Melhor pensar depois. Vamos Brasil. A copa se avizinha.
 
 Ecobueno14

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Trova

Para muitos é assim
O ano inicia
Quando Dezembro finda 
Mas não para mim

Nos preceitos meus
Aquele que anuncia
A boa nova com veemência 
É o brilho dos olhos teus


ecobueno


quarta-feira, 4 de junho de 2014

Pobre Machado


Poderia ser cômico se não fosse verdade. Mas infelizmente, pessoas que deveriam incentivar a leitura a fim de melhorar o nível dos leitores, estão fazendo o contrário. Em nome da “simplificação”, querem nivelar tudo por baixo.

Muitos perguntarão: Do que ele está falando? Bem, estou falando de uma escritora - não direi o nome por motivos óbvios - que tem como projeto a simplificação do livro O Alienista de Machado de Assis. Isso mesmo, simplificar a leitura. “Os jovens não gostam de Machado de Assis. Suas construções são muito longas. Eu simplifico isso. Assim a linguagem fica mais acessível”, afirmou ela.

Ela diz ainda, “isso ajudará os que têm dificuldade de entender certas palavras difíceis”. Por exemplo, entre outras, troca sagacidade por esperteza. De quem é a esperteza afinal? Onde fica a sonoridade e a delicia do texto, enfim? Creio que, partindo de uma escritora, só pode estar tratando o leitor como se fosse, sem querer fazer trocadilho, um alienado.

Mas quem é esse tal de Machado de Assis, para causar tanta celeuma assim? (não é o Francisco). É simplesmente um dos maiores nomes da literatura nacional. Autor de, entre outros livros, dos clássicos como Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e o citado acima.

Um autor diferenciado, de personalidade única, por suas tiradas irônicas, com certo romantismo, critica social e suspense. Talvez por isso ele não caiba em leituras rasas (feito leitores de Coelho, por exemplo), e sim por aqueles que se aprofundam a fim de descobrir em seus livros a história do País, numa sociedade escravocrata e preconceituosa, da época.

Simplificar os clássicos da literatura não colabora com a formação de leitores, muito pelo contrário. Fico imaginando como seria Shakespeare, Guimarães Rosa, Cervantes, James Joyce, Dostoievski entre tantos, simplificados. Será que é por isso que os poetas são tão pouco lidos, pois eles só "complicam", na maior parte do tempo, falando dos sentimentos, em metáforas?

Com a desculpa da democratização da leitura, a escritora está trazendo a ditadura dos seus conceitos simplistas. E o pior, com financiamento público (nosso próprio dinheiro). Não seria melhor, ao invés de simplificar os clássicos, preparar melhores leitores? A escrita é o código de um povo, sua identidade cultural, se a tratamos com desdém, teremos menos críticos. Talvez seja isso que queremos: um país sem senso crítico.

ecobueno