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uma partida de futebol, depois que ela termina, pode não ser tarefa difícil, mas para
quem um dia praticou esse esporte, sabe que isso pode ser uma simples conversa de
botequim ou causar discussões homéricas, afinal ele mexe com a paixão do
torcedor, ainda mais quando se fala da seleção nacional.
O
que vou comentar, não é sobre a vitória sofrida da seleção, e sim o que aconteceu
com nossos “heróis” do ludopédio. Uma equipe badalada, jogadores experientes, que
atuam nos melhores campeonatos da Europa, acostumados com estádios grandiosos
(arenas), empurrados por suas torcidas fanáticas que gritam e cobram o tempo
todo. Não são meninos inexperientes e tão pouco coitadinhos jogados as “feras” e
tentando a qualquer custo sobreviver. Tiveram mais de um ano de preparação, amistosos
aos montes, copa das confederações, tudo para aprimorar aquilo que mais fazem
em suas vidas, jogar futebol.
Mas
o que foi aquilo, uma equipe que após levar o gol de empate se acuou como se
estivessem em campo e torcida adversários?! Um a um no tempo normal. Zero a
zero na prorrogação e... lágrimas?! Não entendi, afinal ainda não haviam
perdido, faltavam os pênaltis. E aquela imagem: O capitão da seleção, no meio
de campo, chorava sentado sobre a bola, desolado, como se tudo estivesse acabado.
Resultado: Foram bater os pênaltis e minhas suspeitas se confirmaram. A cada chute,
pareciam que rifavam a bola, teriam esquecido a técnica, era nítido que a
queriam o mais distante possível e o quanto antes. Um show de pênaltis errados.
O goleiro foi importante, sim, apesar de ter se adiantado, mas qual o motivo de
chorar antes das cobranças? Era o reflexo de um time assustado, abalado, sem saída e
emocionalmente fragilizado.
Hora
direis: Esse é um momento de extravasar as emoções, as lembranças das
dificuldades por que passaram volta num filme e desagua em lagrimas. Isso é
do ser humano e chorar é a demonstração dessa essência. Tudo bem. É plausível.
Mas só para refrescar a memória, vamos voltar ao final da copa de 94. O capitão
era Dunga, muito criticado, pois foi culpado pela perda da copa de 90, e mesmo
assim na hora dos pênaltis não se abalou. O goleiro era Taffarel, que mesmo
questionado pelo mesmo motivo, não derramou lágrimas antes das cobranças, e defendeu
pênaltis importantes. Ah, e Romário assumiu as responsabilidades e não sumiu em
campo. Foi o dono da copa. Fez de tudo um pouco. O herói do tetra nos Estados
Unidos.
Futebol
é isso, se ganha ou se perde dentro das quatro linhas, mesmo não sendo um dia
bom, mas com o emocional equilibrado. Afinal,
do outro lado também tem outros tantos querendo ganhar a mesma partida. Sem
contar que não é sempre o melhor time que ganha. Que diga aquela bola do Chile que explodiu no travessão no final da prorrogação. Esse é o
encanto do futebol, diferente dos outros esportes, nele tudo pode acontecer, a zebra, o
imponderável, enfim. Mas atletas de alto nível, pois são escolhidos dentre
tantos, não podem se deixar abalar antes mesmo que o jogo termine. Isso
demonstra a instabilidade emocional do grupo e sua dependência em um só tipo de
jogada.
Não
torço contra a seleção, mas se não tivessem ganhado nos pênaltis por pura sorte (ainda bem), hoje, ao invés de serem tratados como heróis ou jogadores
sensíveis que colocam o coração nas chuteiras, estariam sendo achincalhados e comparados a bebês chorões, que ficaram da cor da camisa que usavam, amarelados. Como dizia Nelson Rodrigues: “com complexo de vira-latas”. Que venha a próxima partida
e que as coisas melhorem. Espero.
Ecobueno14