Na
primeira semana de março, tive que fazer mais uma cirurgia – já perdi as contas
de quantas já fiz - para a retirada de cálculos renais. Devido a complicações
pós-cirúrgica, passei duas semanas entre idas e vindas ao hospital.
Dias
de dores intensas em que me vi entregue a médicos, enfermeiros, medicamentos.
Ainda bem que tive a ajuda de pessoas que sempre estão ao meu lado, sem as
quais não sei como seriam esses dias de luta. Sou eternamente grato.
Um
mês atípico, teve - mais importante que minhas dores - acontecimentos que o
transformaram num Março em ebulição!
Começou
com a importante e merecida comemoração – no mesmo dia da minha internação - do
Dia Internacional da Mulher. Depois vieram
as manifestações que tomaram a Avenida Paulista e tantas outras pelo País. Algo
que só tinha visto nas passeatas pelas “diretas já”! Ou na década de 90, quando
aumentei a massa dos “caras pintadas”, a favor do impeachment do presidente da
época. A história se repete; políticos corruptos e sem escrúpulos. Dias depois,
nas mesmas avenidas , foi á vez daqueles que são contra o impedimento da atual
“presidenta(?)”. Vários atos, reivindicações, muitos personagens e um único
palco. Não pude participar.
Também
teve a queda de um avião monomotor sobre casas na zona norte de São Paulo, região
populosa, matando passageiros, tripulantes e apavorando os moradores. Na
Bélgica, terroristas atacam o aeroporto de Bruxelas. No Paquistão um homem
bomba explode matando crianças que brincavam no parque num domingo de Páscoa. A
visita do presidente americano e o show do Rolling Stones em Cuba.
O
aterrorizante aniversário de cinco anos da guerra na Síria que, além de matar
milhares de inocentes, provocou o maior contingente de refugiados pela Europa,
algo só visto durante a segunda guerra mundial. E pensar que tudo começou com
um movimento (manifestação contra o governo) denominado: Primavera Árabe.
As
comemorações da Páscoa, que para os cristãos tem como seu maior significado a
ressurreição de Cristo, traz o emblemático paralelo – ao menos para mim – que
tudo é um triste e mórbido paradoxo entre a alegria e a dor.
Então,
sozinho, sem as delicias dos ovos de chocolate e muito menos clima para
comemorações, me lembrei de Margaret Atwood, ao ser questionada sobre a
violência em suas obras responde: “Violência é o próprio ato de viver”. Então,
doutor, por favor, mais uma dose de morfina, quero não sentir dor.
ecobueno16