sexta-feira, 29 de abril de 2016

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Agenda Cultural - Bruna Caram

Agenda cultural

Fim de semana, mais um e, para alguns, prolongado. Mas para quem ficou por aqui (meu caso), nada como curtir um domingo de um outono com ares de verão.

O sol, cedo, já se mostrava que não daria trégua, e aquele ar típico das manhãs outonais seria apenas uma vaga lembrança. Mesmo assim, bora atualizar a agenda cultural.  

Para isso, o convite para curtir ao show de Bruna Caram, fora muito bem vindo. O palco montado num shopping da capital, atraiu uma plateia, apesar de pequena, bem eclética. 

Passava do meio dia quando Bruna Caram, com um sorriso fácil e franco, sobe ao palco para apresentar o show homônimo do seu livro, “Pequena Poesia Passional”, mas antes de desfilar suas canções, recita o poema “Meu Templo é...” onde diz: “Meu templo é minha voz (...) O que sou, o que fui e o que serei...” - de José Ayrton - nada mais certeiro. 

Num show intimista, acompanhada do piano de Ivan Teixeira, Bruna, inicia com um pout-pourri de canções (Disparada, Eu queria apenas que você soubesse, Brincadeira de roda, Corujinha) que marcaram sua infância e influenciaram sua formação artística. Numa levada simples, mas não menos empolgante, Bruna diz “O meu tempo/É mesmo agora/Já vesti a roupa colorida” (Caminho Pro Interior), assim ela vai, como que vestindo a manhã com “Sorrisos largos/Lagos repletos de azul (...)A emoção alerta/ Que nos conduz” (Palavras do Coração) “E eu me sinto disposto/A ser bem melhor do que já fui/ Será bem vindo qualquer sorriso” (Será Bem-Vindo Qualquer Sorriso), afinal “Hoje não tem fria/Não tem freio/Não tem fila/Não tem fardo” (Feriado Pessoa), sim um domingo despretensioso, cidade vazia, e boa musica e “Essa menina/É tão indiferente/Fala com agente/E nem se quer olha no olhar”, mas é assim que deve ser, o artista tem que falar para a plateia, sem preferências. O show segue, Bruna pega a sanfona e taca um forró, nos tira pra dançar um xenhenhém com a “Morena forrozeira/Do cangote suador/ E o coração da gente/ Chega a latejar” , então eu “Só desperto/ Quando acende o farol/ Vai anoitecer/ No fim de tarde/Na viagem do sol/Hora de te ver”... Pois é show acaba com sabor de quero mais.

Bruna é daquelas artistas que apesar da influência familiar e se aproveitando da bela voz, o que já seria muito, não é apenas mais uma no cenário musical, ela tem uma proposta mais abrangente, além de cantar, compõe, escreve e interpreta. É uma cantora que interpreta, ou uma atriz que canta? Como ela diz: Não há distinção e sim um complemento. 

Ela faz essa mistura de dança, teatro e literatura, com a levada de quem sabe o que faz. Canta e convence. A plateia, sem perceber, é cúmplice. A bela moça, de talentos múltiplos, no palco toma a cena, encena e nos acena com sua voz doce, marcante e muito talento. “Lembra de mim/Dos beijos que escrevi/Nos muros a giz/Os mais bonitos continuam por lá/Documentando que alguém foi feliz” (Lembra de Mim, Ivan Lins). Eu quero Bis! 

Ecobueno16

terça-feira, 12 de abril de 2016

Olhares Outonais

 
 
Eles me olharam por um instante
Diante daquele brilho, estanque
Não conseguia ver minha feição
Mas era possível sentir a emoção
Que infinita beleza provocava
Era inacreditável a luz que emanava
Feito prisma, as cores se revelavam
E cada fresta, cada canto, completavam
Mesmo, se decorado todas as falas, tivesse
E conjugar todos os verbos, soubesse
Descrever tamanha raridade não podia
Naquela microestrutura, o mundo cabia
Ali, em silêncio admirava tal imensidão
Onde todos os dons possíveis se encontram
Então sorrindo, num piscar d’olhos, disse adeus.
 
ecobueno16

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Águas de Março em Ebulição


Na primeira semana de março, tive que fazer mais uma cirurgia – já perdi as contas de quantas já fiz - para a retirada de cálculos renais. Devido a complicações pós-cirúrgica, passei duas semanas entre idas e vindas ao hospital.

Dias de dores intensas em que me vi entregue a médicos, enfermeiros, medicamentos. Ainda bem que tive a ajuda de pessoas que sempre estão ao meu lado, sem as quais não sei como seriam esses dias de luta. Sou eternamente grato.

Um mês atípico, teve - mais importante que minhas dores - acontecimentos que o transformaram num Março em ebulição!

Começou com a importante e merecida comemoração – no mesmo dia da minha internação - do Dia Internacional da Mulher.  Depois vieram as manifestações que tomaram a Avenida Paulista e tantas outras pelo País. Algo que só tinha visto nas passeatas pelas “diretas já”! Ou na década de 90, quando aumentei a massa dos “caras pintadas”, a favor do impeachment do presidente da época. A história se repete; políticos corruptos e sem escrúpulos. Dias depois, nas mesmas avenidas , foi á vez daqueles que são contra o impedimento da atual “presidenta(?)”. Vários atos, reivindicações, muitos personagens e um único palco. Não pude participar.

Também teve a queda de um avião monomotor sobre casas na zona norte de São Paulo, região populosa, matando passageiros, tripulantes e apavorando os moradores. Na Bélgica, terroristas atacam o aeroporto de Bruxelas. No Paquistão um homem bomba explode matando crianças que brincavam no parque num domingo de Páscoa. A visita do presidente americano e o show do Rolling Stones em Cuba.

O aterrorizante aniversário de cinco anos da guerra na Síria que, além de matar milhares de inocentes, provocou o maior contingente de refugiados pela Europa, algo só visto durante a segunda guerra mundial. E pensar que tudo começou com um movimento (manifestação contra o governo) denominado: Primavera Árabe.

As comemorações da Páscoa, que para os cristãos tem como seu maior significado a ressurreição de Cristo, traz o emblemático paralelo – ao menos para mim – que tudo é um triste e mórbido paradoxo entre a alegria e a dor.

Então, sozinho, sem as delicias dos ovos de chocolate e muito menos clima para comemorações, me lembrei de Margaret Atwood, ao ser questionada sobre a violência em suas obras responde:  “Violência é o próprio ato de viver”. Então, doutor, por favor, mais uma dose de morfina, quero não sentir dor.
ecobueno16