É impossível ficar alheio em meio aos acontecimentos
que assolam a agenda publica nacional. Ainda mais quando existe uma discussão
superficial, que tende a defender os interesses de determinadas classes em
detrimento da maioria.
Primeiro; não sou simpatizante de
partido A, B ou C, até porque são muito parecidos. É só observar que mesmo com essa
crise assolando o País, os nossos “representantes” tanto no congresso, como no
senado, pouco se importam. Não os vejo abrirem mão dos privilégios como
auxílios moradia e paletó, 14° e 15° salários, carros, passagens aéreas entre
outros. Muito menos se levantarem contra a vergonhosa verba partidária que tira
bilhões de reais dos cofres públicos. Dinheiro que nós, os sem “classe”, “colaboramos”
através dos escorchantes impostos.
Segundo; e toda essa gritaria de que o
impeachment é “golpe!”? Tudo bem que a “ex-comandanta” teve 54 milhões de
votos, mas isso não justifica nem avaliza fazer o que bem entender com as
instituições, empresas, fundos e estatais. Tão pouco aparelhar o Estado com seus
simpatizantes, arruinar as contas publicas, desestruturar os serviços
essenciais para a maioria da sociedade. Eleger alguns privilegiados, amigos do
rei, para agracia-los com verbas milionárias. Isso não é pedalada, é crime!
Cabe aqui a reflexão de quem é o “golpe”, afinal.
Terceiro; após o afastamento da “chefa”,
mesmo sendo feito com a participação do judiciário, votações tanto no congresso
como no senado, e amplo debate, muitos se recusam a entender que isso é parte
da democracia. O que determinado partido custa a aceitar. Agora, querer culpar
a Policia Federal, a lava jato, a imprensa ou a oposição, pelos problemas,
mesmo estando no poder por 13 anos é chamar a maioria de idiota, para dizer o
mínimo.
Quarto; os ditos movimentos sociais e certas
instituições agem conforme o que lhes convêm (ou a quem lhes pagam?) e não com
os interesses dos representados. Os sindicatos, antes tão críticos aos
governantes em favor dos trabalhadores, hoje estão calados. São 11 milhões de
desempregados e eles estão mais preocupados com o desemprego de uma “gerenta”,
que por sinal, mesmo após o afastamento não perdeu suas benesses. E os ditos
movimentos sociais? Estão mais preocupados com o poder do que ao que rezam suas
cartilhas. Não gritaram palavra sequer sobre a corrupção que causou desvios
vultosos do dinheiro, que poderia ser revertido em verdadeiras causas sociais,
e foram parar em contas no exterior, de muitos “cumpanheiros” e “aliados”.
Quinto; depois da cantilena sem fim, do
discurso de “golpe”, mudaram o disco. Agora esbravejam contra os escolhidos, do
Presidente em exercício, para os ministérios. Hora os titulares da pasta são
investigados pela justiça, outra, são todos brancos, falta mulher. Muitos
se diziam a favor da diminuição de ministérios, foi só juntar o Ministério da
Cultura com o da Educação e o esperneio foi geral de artistas muito bem pagos,
elites da “cultura”, burgueses das artes, tentando desqualificar o atual
governo. Mas antes, mesmo com as contas publicas em frangalhos, nada diziam.
Será que tem alguma relação com os milhões de incentivos fiscais que foram despejados
em shows, espetáculos e afins, sem o mínimo de retorno para a sociedade, do
referido ministério? Também quero um ministério!
Sexto; fico perplexo por ver as escolas
invadidas pelos estudantes que reclamam direitos. Sim, perplexo por não identificar
uma pauta de reivindicações mais concreta, tampouco a discussão sobre o real papel
da educação, tão precária em nosso País. Antes eram contra o remanejamento das escolas.
Enquanto que o correto seria ter feito amplo debate entre as partes (alunos,
professores e pais). Muitas escolas foram depredadas, saqueadas e ninguém foi
punido. Sim, não se pode culpar o menor, então que punam os responsáveis por permitirem
e até incentivarem tais invasões. Depois vieram as escolas técnicas. Qual era a
reivindicação, mesmo? Ah, merenda... É esse o cenário da penúria educacional.
Poderia enumerar outros pontos, porém o
espaço é limitado. Porém aqui está uma boa parte das distorções que acontecem. Certos grupos que reclamam e esbravejam sem muito critério e debate, cerceiam
os direitos da maioria.
Sim, infelizmente há roubo, abuso de
poder, conchavos, benesses, apadrinhamentos, corrupção, direitos adquiridos “ad
eternum”, tantas mazelas que a revolta chega ao extremo e transborda em atos
irresponsáveis e até criminosos. Mas se não soubermos filtrar, discutir e
exigir os nossos direitos de forma consciente, jamais chegaremos a um ponto,
que seja no mínimo comum.
Sem contar que não basta apenas gritar
por ética, transparência e honestidade, é preciso praticá-las. Muitas vezes se corrompe
nos pequenos atos. Ao furar a fila, jogar lixo em qualquer lugar, apesar das
lixeiras espalhadas pela cidade, estacionar em vagas preferenciais, corromper
um fiscal, desrespeitar o idoso, leis de transito, votar num determinado
candidato com o intuito de obter vantagem e tantos atos que não são tão pequenos
assim. Caso contrário, levantar bandeiras pura e simplesmente, não passará de uma reivindicação rasa
para que não mexam no meu naco!
ecobueno