quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Ação do Tempo



A casa plantada em meio ao arvoredo e coberta pela pálida claridade do entardecer, parece mergulhada em tristeza. Suas paredes de um quase rosa desbotadas, ainda era capaz de refletir a despedida do dia que começava a esmaecer dando lugar à noitinha que se insinuava.

Rodeada desse lúgubre sentimento, não era mais a mesma de tempos atrás, pois nela jaz seu ilustre morador. Aquele que enchia de luz e cores cada canto, reluzia cada objeto trazendo a sensação de bem estar. Aquela imensa cordialidade que habitava o seu interior, não se segurava entre suas paredes e transbordava porta afora, contagiando a vizinhança com sua poesia.
 

Como o tempo tudo corrói e o passado não é capaz de fixar e revelar por si só o que representava aquele pequeno lar, a impressão de quem pela primeira vez a vê, é de assombro, por tanto silêncio e vazio. Afinal quem poderia imaginar que ali, um dia ele vivera com toda força e ardor. Mas como é o ser humano, com suas deficiências, incoerências e fragilidades, quem escreve a história, conseguiu com tais limitações, matar aquele que nos ensina a viver dentro da verdade, do carinho e do respeito; o amor.

O Tempo e o Vento















                            No tempo, és um enigma que intriga e aguça
E quanto mais esse ar enigmático avança
Os sentidos se embaralham, leve desavença
                            Entre o antigo e o novo; certeza e insegurança  
                   
Assovia e reverbera um som que encana
Tal qual musica, no lenho de uma amburana
E enleva sua alma de tez morena-tropicana
Bailando livre ao som caribenho de Havana

Vem e desgrenha suas melenas, é o vento
Que sopra forte, num desvario inquietante
Por teres em seu caminho, este presente
Traços de bela sílfide, contorno perfeito

No lusco fusco dos dias, corre a semana
Onde o clarear da sua áurea, vida emana
Simples e perfeita, versos de Mario Quintana
Ou erudita, enigmática, melodia Bachiana

Quando chega a noite, lua mágica no céu flana
Mesmo ao ofuscar seu brilho, essas nuvens, Diáfana
Não conseguirão tornar, com seu breu, a vida cigana
Pois a luz do seu olhar nos livrará dessa cor tirana















Ecobueno13