Dia
menos dia chega o momento de se despedir. E como falar de algo tão triste sem
usar clichês? Foi o que pensei ao receber tal noticia. Respirei fundo e decidi:
nada de tristezas e melancolias nas palavras, melhor tentar resgatar e eternizar
as boas lembranças.
A
vida se assemelha a um trem com seus vagões (famílias), que segue em seu trilho
(caminho) contando a história (vida) de seus passageiros. Ambíguo, é o mesmo da
chegada (nascimento) e o da partida (descanso). Pessoas embarcando e desembarcando
a cada estação, dias, meses, anos, sem interromper seu curso. Mesmo que isso
aconteça a todo instante, chegada e partida, num “belo” dia a hora da despedida
é inevitável. Então, nos damos conta que alguém desceu na plataforma daquela
estação e não embarcará novamente. O sentimento de vazio irrompe todo o vagão.
Desse
momento em diante, certamente, a viagem será um pouco menos feliz, sim. Mas a
tristeza não pode se sobrepor, mesmo que o sentimento de dor
insista, a viagem tem que continuar. Quem desembarca é porque já completou seu
ciclo.
A
semente que é fecundada, nasce, ramifica, cresce, floresce e dá frutos, é o
ciclo do milagre da vida! E você, vó Luzia, o completou com tamanha
destreza e muita competência. Por isso, o seu desembarque não pode ser motivo
de sofrimento, mas sim de boas lembranças. Pois com sua clarividência, paz,
energia e sabedoria, nos deixou um colorido diferente nessa matiz de cores que
é o viver. Por isso, é preciso continuar com os embarques e desembarques, dar
sequência e celebrar o que nos ensinou durante sua viagem.
Uma
mulher que soube cumprir seu ciclo de forma natural e deixou em cada chegada e
despedida, sua marca. A marca da alegria, do respeito, da perseverança, e acima
de tudo, do amor. Amor para com os seus, para aqueles que tiveram a sorte de
partilhar e compartilhar suas belas histórias e ensinamentos.
No
dia do seu desembarque, o céu sem nenhuma nuvem e de um azul perturbador, reLuzia nas janelas desse trem, como se nos
avisasse que não é momento de tristeza, de pesares talvez, afinal alguém com
essa aura única, jamais passará sem deixar a sensação de vazio, uma saudade que
muitas vezes não cabe em nós. Mas, esse céu inquietante revela que és parte indissociável
da obra divina e jamais se apagará. Luz!
Sim,
é difícil segurar as lágrimas, pois a limitada compreensão e o egoísmo que nos
é peculiar, faz com que pensemos que algo de importante teve fim, mas não é bem
assim. Sua presença estará em tudo que possa ser lembrado, na sua infinita
sabedoria, no seu espírito guerreiro, no amor incondicional de mulher, mãe,
avó. Também na presença física dos seus frutos, que continuarão seu ciclo. E
dessa forma, a locomotiva jamais há de parar e tão pouco encerrar seu ciclo.
Vó
Luzia (desculpe, também me considero seu neto), a sua luz, noite
e dia continuará a iluminar os trilhos desse trem, vida. Obrigado e "Boa viagem".
Ecobueno14
Lindo Texto , infelizmente não tive o prazer de conviver com a vó Luzia , mas de alguma forma sinto a dor, e tbm a alegria por poder mesmo como agregada rs fazer parte dessa família , Beatriz , nora da Romilda
ResponderExcluirÉ isso, ela não era e sim sempre será a Vó Luzia. Uma pessoa no minimo incrivel. Te-la connhecido é poder acreditar q pessoas assim nis faz acreditar q aunda i amor e mais forte. Valeu o comentario. Abçs
ExcluirLindo o texto, como sempre voce arrasando no que escreve, Vo Luzia é um lindo ser, estara sempre guardada em nossos corãções.
ResponderExcluirIsso mesmo, ela faz parte de uma história que ~jamais terá fim. O trem segue...
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