sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Carnaval


O som que ecoa. Essa mistura de repiques, agogôs, reco-recos, chocalhos, cuícas, tamborins, caixas, surdos, pandeiros, ao comando de apitos, vão estruturando as peças, formando esse mosaico de timbres e tons que se encaixam em perfeita harmonia: Bateria.

Nas alas, a coreografia que vai num crescente, feito onda, toma forma, se espalhando por todos os lados, ocupando cada espaço, cada canto, cada corpo, num transe coletivo, a massa se agiganta e deságua nesse mar de euforia, onde o que vale é se divertir, dançar, sambar.

Em meio à folia, esse pulsar forte, estandarte, no peito que bate sem parar, corre por entre as veias, eriçam pêlos, dilata os poros e explode na carne quente, na pele molhada, branca ou corada, pura ou miscigenada, revelando a alegria estampada no rosto de olhos brilhantes: Vida!

Cabeças, troncos, peitos, braços, coxas, bumbuns, pernas; cobertos, entreabertos, coloridos, ou simplesmente desnudos. Sem pudores, gingando, rodopiando, bailando, se entregando às batidas fortes de cada instrumento. O compasso que dita o passo, em uníssono reverberando no ar, onde curvas e sons se completam: Corpos.

Em meio ao colorido dos adereços, fantasias e serpentinas, o corpo parece sair de nós, se lança ao imponderável, tem vida própria, e nos leva onde querem. E nessa inquietude onde se misturam todos os sentidos, nada parece fazer sentido, a não ser esse ritmo compassado que faz o corpo flutuar: Samba!

Um dia, outro dia, até o sol raiar, atrás do trio elétrico, na avenida, nas praças, salões, em qualquer lugar. Um dia outro dia, até o corpo não mais aguentar, se entregar ao êxtase, e completamente em cinzas, na quarta chegar, quando o carnaval terminar.



Ecobueno

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Fez-se Luz















Vigorosa, rompe o horizonte
É o despertar da existência
No espaço surges imponente
Todas as manhãs és referência

Na imensidão do azul, céu
Refletida na retina, véu

Após a aurora, agora
Crepúsculo, incorpora
Põe-se no mar, à tardinha
Deixando no ar breve penumbra

Mas irrompe na noite, completa; lua
Estrelas rebrilham, face tua

Par d’olhos, reluz
E novamente nos conduz
Ao brilho da sua chegada
Repleta, completa, Luminada!


Ecobueno