quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Soneto - Olhar Sublime


                             D`onde vem a força e energia
                             De tão sublime e terna magia
                             Vem dessa luz rara que irradia
                             Quando chegas, boa nova anuncia

                             Nem lua nem estrelas a desfilar
                             Nesse imenso infinito podem reparar
                             Se sua ausência se confirmar
                             Neles, mesma energia não há

                             A sutileza contida nos gestos
                             A avidez refletida no olhar
                             Reaviva alma e faz sonhar 

                             Por isso a beleza desses astros
                             Completar-se-ão só se você chegar
                             E com sua íris tudo iluminar

                                        Ecobueno



segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Ótica

  








Quantas formas cabem num simples olhar?
O olhar de alienação que desdenha a emoção
O olhar desesperado sempre amedrontado
O olhar que se perde de si, enlouquecido
O olhar egoísta aquele que aprisiona
O olhar egocêntrico, focado em si mesmo
O olhar com viés tímido sempre de soslaio
O olhar desmedido, sem pudor, por inteiro
O olhar sincero, aquele que liberta
O olhar sutil, porém profundo
O olhar amigo, verdadeiro e consolador
O olhar único, aquele que vem da gente
O olhar poético, que se completa no outro
O olhar romântico que flerta com a poesia 
O olhar apaixonado, completamente enlevado
O olhar molhado, repleto de desejo
O olhar decidido, que comunga a mesma luz
O olhar de uma criança, “hors cocncurs”
Por fim, o olhar cerrado, a despedida da vida
Sim, muitas formas de ver, mas cabem num só olhar

Ecobueno

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Pessoas Singulares e Tão Plurais (Vó Mara)

Entre tantas recordações, inquietações, que a trajetória da vida nos reserva, o mais importante, acredito, é ter a figura de alguém da qual tiramos grandes lições que nos acompanharão vida a fora.

É difícil falar, quantificar expressar de forma convincente o quanto essa figura representa. Alguém que veio ao mundo com a missão de encantar e deixar a sua marca. Um exemplo de garra, perseverança, humildade, bondade, respeito e esperança. Indispensável, não só pela paz que sua presença nos proporciona, mas pelo amor que emana de sua alma. Alguém que, de forma natural, ilumina o caminho de tantos e assim se torna um modelo a ser seguido.

Não é aquela mão que apenas segura, puxa, aponta ou simplesmente espalma. Mas sim, a mão sempre a postos, estendida, que é o porto seguro, a acolhida, a direção. Não possui um ombro, tão somente, que os anos arquearam, mas sim, que ainda é capaz de oferecê-lo para sustentar nossas fraquezas. Seu abraço é muito mais que o simples laço, é o aconchego, o colo, o calor, o afago. O peito, aquele que não representa somente o desejo, mas sim o sumo da vida; aquele que abriga esse pulsar, coração, acalentador que nos mostra a sua vitalidade, acalmando assim, nossas aflições.

O olhar um tanto quanto cansado, causa do tempo, mas que ainda brilha com a mesma intensidade e energia da juventude quando viceja sua prole. A boca que pronuncia palavras, não aquelas difíceis, cultas, porém frias, como nos dicionários, mas as que ensinam o essencial.  Palavras de carinho, de elevação, exaltando as qualidades do seu semelhante. Palavras que ensinam o sentido do respeito e da união que só existem no calor humano dos sábios.

Um ser que, além de ser parte do nosso aprendizado é um padrão de coragem, da vontade de viver, de construir e ter pessoas dignas e felizes. Sempre acredita na alma boa que existe dentro de cada um. Quer ver todos sempre bem e em comunhão. Cuida-nos com aquele zelo especial, que só os iluminados são capazes.

Um ser que nos mostra, diante de tantas dificuldades, mesmo quando tudo parece sem sentido, que é nesses momentos onde a vida se torna mais fascinante e desafiadora, pois é assim que damos valor aos pequenos gestos, as pequenas coisas.


Em minha trajetória, tive a felicidade de encontrar esse alguém. Pessoa que me abriu as portas do seu lar, me acolheu em seu imenso coração e compartilhou esse dom. Uma pessoa forte, que traz em sua alma a força e a beleza da mulher, mãe, amiga e avó. Como não poderia deixar de dizer nesse dia, parabéns Maria (Mara). Obrigado por nos conceder tantos ensinamentos.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Avenida Paulista


No centro financeiro de São Paulo, Avenida Paulista, em meio ao corre-corre de pessoas, carros, coletivos, cercado pelos arranha-céus de concreto armado, caminho ao lado da minha imagem refletida nas enormes fachadas-vitrines, que se estendem ao longo da avenida. É a única imagem, em meio a tantas, que me é familiar.
  
A calçada mais parece uma passarela onde desfilam uma variedade de formas e estilos, quase uma Babel. Nesse espaço estreito e disputado, a vida segue ávida, intensa e apressada, mal se equilibra nos passos descompassados dos transeuntes.

Automóveis roncando seus motores, motos disparando buzinas ensurdecedoras, aumentando a sensação de caos que se instala por toda a extensão da avenida. Os grandes e pesados coletivos, apinhados, com suas janelas “panorâmicas”, revelam rostos de diferentes feições emoldurados pela mistura tosca de aço e plástico, com seus olhares dispersos e indiferentes em meio à paisagem dura e fria das construções ao largo.

Nos cruzamentos, as luzes dançam numa coreografia de três passos, vermelha, amarela e verde, semáforos que ditam as regras em meio ao caos. Sobre o ébano do asfalto, o marfim das faixas de pedestres se destacam, é a ponte, a ligação entre os dois extremos da avenida. No meio fio, ou nas ilhas centrais, esperando a vez, pessoas olham para o outro lado da rua, como se ela fosse intransponível, devido ao mar de veículos, até que o verde é a deixa, a esperança para chegar do outro lado.

Abre-se um “clarão”, passos apressados, o tempo é breve, feito onda, todos se lançam ao asfalto se encontram no meio da Avenida, se misturam, pés, pernas, braços e olhares. A cena me faz lembrar daqueles filmes de batalhas medievais, onde há duas colunas que ao sinal do comandante correm para se duelarem. Quando percebo estou do outro lado. O vermelho acende e o mar se fecha novamente, voltam os carros.

Desconcertantes essas pessoas que se renovam a cada instante, entram e saem dos automóveis, dos onibus, dos prédios, das passagens subterrâneas, elevadores, esquinas e becos, parece não ter fim. Tantas pessoas com suas variações do viver. Fico a imaginar de onde vêm e para onde vão.

Toda essa correria, essa comichão, traz a tona um sentimento de vazio, pois os olhares são frios e desconhecidos, sem brilho, as pessoas se esbarram e não se veem, parece que estão míopes. Descubro que sou apenas mais um na multidão. 

Esbarro na solidão. A saudade aperta. Quero voltar e ter o olhar, carinhoso, brilhante,  e principalmente, conhecido, a me ver chegar.  Só assim saio desse estado de loucura urbana. O caminho é longo, sei. Mas logo estarei de volta ao aconchego do lar.

ecobueno

terça-feira, 11 de novembro de 2014

La Vida

                            
                                       
                                    Cuando cair la tarde
                                    El cielo colorirse de luces
                                    Y el brilho de la luna
                                    Ponerse entre las estrellas
                                   
                                    Mío pensamiento volara 
                                    Y Contigo hallara 
                                    Cuando cair la noche
                                    El sol por la mañana erguerse
                                    
                                    Y el día en colores rompérse
                                    El brillho de tu ojos
                                    Ponerse en los mios
                                    Que te miram con cariño 
                                    
                                    Así si completan los días
                                    Girando el mundo y las horas
                                    Con sus carinhos
                                    Alredodor de la vida
                                    
                                    Ecobueno

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Be(ll)atriz - Beatriz & Ballet


A manhã de um domingo ensolarado anunciava o que estava por vir. No teatro, quando as cortinas descerram e as luzes ascendem, no palco se revela, doce, leve, encantadora, emanando seu feixe de luz, a bela menina-bailarina. 

A música irrompe, ecoando no ar e, segura de si, ela se equilibra sobre o pedestal de suas pequeninas sapatilhas rosa, com pliés, croisés, elevés, e meias-ponta, transforma o clássico em lúdico e a competição flui; agradável brincadeira. Gestos cândidos, meigos, serenos, desliza firme, imperiosa, altiva; se integra ao cenário, soberana. Centelha divina!

Seu figurino: alegria e dedicação, composto de movimentos em perfeita harmonia, graciosidade, equilíbrio, Adagio. Os adereços: elegância, perfeição e pleno domínio do corpo e dos pés, Aplomb. Resultado da fusão, corpo e musica; o ballet.

Menina, Allegro, de tantos encantos, sua tenra idade não a impede de bailar. Ela destoa dos demais concorrentes, faz de sua apresentação uma diversão e nos leva ao estado de êxtase, pura emoção, que se revelam no arrepio da pele e nos olhos marejados.

Sozinha no tablado - sem minhas mãos para amparar - não se assusta, pois não está só, afinal ali é o seu espaço, mundo, se sente a vontade para revelar o grande domínio de quem, mesmo sendo sua primeira vez competindo, nasceu para dançar, trazer alegria, encantar e fazer o público sonhar.

Além dos expectadores, há a banca de jurados composta por bailarinos e coreógrafos – com experiência internacional - o que torna sua tarefa mais seletiva e árdua. Mesmo que fosse só uma apresentação lúdica e descontraída, já seria sublime, porém o peso de estar ali, sendo observada por tantos olhos atentos faz dela, apesar da pouca idade, um ser de brilho único.

Traz em mim a doce lembrança de um tempo mágico, sua chegada. Hoje, no palco é só ela e sua majestosa dança. Com o dom que lhe é peculiar, numa apresentação brilhante, transforma o sonho em realidade, fantasia em verdade. Não poderia ser diferente, superando todas as expectativas e os concorrentes, ganha o merecido prêmio com seu solo.

Sua alegria leve, iluminada e segura, impressiona e revela seu talento de atriz. No palco a bailar, desfilando seu encanto, a bailarina campeã, é a brilhante Beatriz.

ecobueno14