Não sou simpatizante de partido A, B ou C, até
porque são todos parecidos. É só ver que, mesmo com essa crise que assola o
País, os nossos ditos “representantes”, tanto no congresso, como no senado,
parece pouco se importarem. Não os vejo abrirem mão dos seus privilégios. Muito
menos se unirem em prol de uma agenda positiva e serem contra essa vergonhosa
situação do “toma lá, dá cá”, que virou nossa política. Sem contar o absurdo dos
tais direitos adquiridos nas estatais, autarquias, e até no judiciário, que
sugam bilhões de reais dos cofres públicos. Dinheiro que nós, os sem “classe”,
somos obrigados a pagar através dos impostos escorchantes.
Mesmo assim,
sem declarar minha preferência de voto, até porque ele é secreto, não é
possível ficar alheio ao que acontece nesses meses que antecedem ao pleito. O
cenário que se desenha no horizonte não se mostra muito promissor. Isso me leva
a concluir que nada aprendemos com as lições de um passado recente da nossa história.
É só ir às redes sociais para ver grupos se estapeando ao invés de debaterem.
Parecem mais preocupados em atacar um ao outro do que defender suas ideias. A
aridez de argumentos leva-os para a seara do confronto, muitas vezes raivosos e
ofensivos. É a famigerada divisão do “nós,
contra eles”. O que nada contribui para a formação de opinião.
Candidatos,
nada menos que 15 postulantes ao mais alto cargo da nossa Republica, parecem
alimentar essa divisão, como se as questões sociais, políticas, econômicas, de segurança
e desenvolvimento não precisassem ser profundamente discutidas, de forma enfática,
porém democrática. Propostas simplistas e vazias são a tônica de seus
discursos. Isso só serve para reforçar a imensa crise que o "lulopetismo" nos legou.
Sem contar
que o perigo de um líder carismático, que promete acabar com a desigualdade,
trazer de volta a felicidade perdida por causa das “mazelas” causadas por
alguns administradores corruptos e inescrupulosos, consegue, num momento de
desalento, onde o desemprego e a escassez se arvoram, ser uma figura sedutora
para muitos seguidores. Isso faz lembrar, como a Alemanha de Beethoven,
Einstein, Goethe entre tantos, se tornou uma Alemanha nazista, nas mãos de
Hitler.
Cada
candidato adapta seu discurso ao seu publico fiel, como se fosse uma seita. As
pesquisas não me deixam mentir. Afinal, até esse momento, quem lidera as intenções
de voto é o mesmo que se encontra condenado e preso. Se isso não bastasse,
ainda promove um discurso populista e irresponsável, desafiando a justiça e as
instituições. Mesmo quando tentamos outro cenário, sem a presença do
presidiário, o que aparece em segunda colocação, não traz alento nem esperança.
No mínimo é um personagem que chega a ser caricato, com seu radicalismo, sexismo,
defende o armamento da população, denigre as minorias, sem contar que, na
ausência do conhecimento a determinadas questões, se arma, sem trocadilhos, da
truculência como única saída.
Na terceira,
quarta colocação, ambos já foram ex-governadores, porém um, apesar de ter experiência
ao administrar o maior, economicamente falando, Estado da Federação, sem
comprometer sua economia, ser do partido que tirou o País de uma inflação
galopante com o Plano Real, tem um discurso que não empolga. O outro, além de
governador foi ministro, mas por causa do destempero verborrágico, deixa os
eleitores desconfiados. Seguidos de uma mulher que, mesmo tendo chegado, nas
duas eleições passadas, com número significativo de votos, adota um discurso
messiânico e um tanto evasivo.
Os outros
candidatos, com apenas um traço nas pesquisas, demonstram que querem lançar suas
candidaturas apenas para compor a chapa e fazer muito barulho. Uma maneira de marcar
território, eleger alguns representantes e em troca de “apoio” na câmara, abocanhar
algum ministério, secretaria, autarquia, que rendam dividendos políticos, do
que mostrar uma plataforma de governo coerente.
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Foto ilustrativa |
Qual seria
a saída então? Adotar um candidato de um determinado partido ou de minha preferência
sem pesar os prós e contras, só porque me simpatizo com ele? Votar no de direita, de esquerda, centro, comunista, socialista, niilista, trotskistas, stalinistas, liberalista? Simplesmente desqualificar ou agredir quem não
comunga da minha escolha?
Nada disso, é óbvio, faz bem ao País. Justamente
quando a racionalidade se faz mais necessária. É imprescindível adotar um
debate de ideias, sem agressões. Repudiar os que bradam discursos boçais do atraso,
do corporativismo e das saídas simplistas. Analisar os que possuam, no mínimo, um
programa de governo capaz de dar início as reformas tão urgentes, sem as quais amargaremos
mais quatro anos perdidos, o que nos custaria outras décadas (quantas mais?) de
atraso. Não existe saída fácil. Toda melhoria é longa, difícil e dolorida, por isso na hora do voto,
cuidado com a legitimidade que não passa de embuste.
ecobueno