terça-feira, 24 de setembro de 2019

Ágatha ( A Culpa é de Quem?)


Me desculpe,  Senhor Governador. Não! Não foram só os “maconheiros", traficantes e viciados que mataram a menina Ágatha e tantos outros! E sim a sua política de (in)segurança pública, inescrupulosa, truculenta e assassina, que favorece o confronto.  Essa política que não preza pela vida dos inocentes das comunidades pobres, onde a maioria são pretos pobres e tão pobres pretos. Afinal, a mesma política que deveria zelar pela segurança, com seu discurso de enfrentamento, deixa a sensação de que é correto atirar a esmo. Que sobrevoa a comunidade e dispara com fuzis lá do alto sem discernir o seu alvo. Ou a mesma politica que o faz aterrissar com seu helicóptero em plena ponte Rio Niterói e sair com punhos em riste, comemorando a morte como se fosse um gol. Esse tipo de comportamento não resolve o problema, só o agrava e, consequentemente leva a brutalidade, engrossando os índices de mortandade.

É repugnante acompanhar sua coletiva de imprensa onde o senhor destila sua empáfia e arrogância, dizendo que manterá sua politica de confronto. É o escárnio com a vida alheia. Quando o senhor afirma que são os consumidores de drogas que cometeram o crime, está incentivando a rudeza daqueles que deveriam cuidar da segurança. Seria uma senha para continuar com a sua demagogia irresponsável rumo a 2022? 

Não adianta invadir o morro dessa forma, não é num filme de ação. Caso o senhor não saiba, o morro não é um amontoado de marginais, ali, a grande maioria, são de pessoas que trabalham, estudam, ou seja, são famílias. Família que o senhor diz tanto defender em seus discursos.  Gostaria de saber qual é o seu significado de família.

Nas raras vezes, em que ouve uma operação militar que não fosse nos morros, essa “virilidade” toda não foi constatada. Claro, afinal nos condomínios de bairros nobres, não existem consumidores de drogas, compradores de armas (117 fuzis), chefes de milícias e do trafico.  Ah sim, senhor Govenador, lá moram as “famílias” de bem de que tanto o senhor fala, não são pretos pobres e tão pobres pretos.

Sim, policiais morreram  também, mas não é por outras razões senão a esse estado de beligerância, o enfrentamento sem inteligência que é defendido por muitos simplistas, como a solução para os males há muito instalado no Estado.  E não adianta culpar a imprensa a esquerda, ou quem quer que seja. O senhor é a autoridade máxima, lembra?

Até quando viveremos essa barbárie? Até quando os discursos populistas e autoritários de governantes que deveriam ser conciliadores e propositivos ecoarão? Até quando os pretos pobres e tão pobres pretos terão sua dignidade aviltada por aqueles que deveriam assegurá-la? Até quando a indiferença, a truculência e agressão com as questões sociais para as classes mais desamparadas continuarão?  Até quando a culpa será sempre dos outros e nunca daqueles que estão no comando? Até quando culparemos as Ágathas que se colocam no meio do caminho “atrapalhando o tráfego”?

Não! Senhor Governador, a culpa não é dos outros, a culpa é sua, sim! 

ecobueno

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Trajetória 5.1


Quando nascemos, saber o que seremos, quando, como ou aonde chegaremos, é impossível. Afinal, somos amparados por outras mãos, guiados por outros olhares, apresentados ao mundo e moldados culturalmente aos gostos, desejos e anseios já existentes, até atingir uma determinada maturidade – que pode variar: para uns chega prematuramente, para outros, é mais tardio e para algures, parece nuca chegar - até que possamos, talvez, decidir por nós mesmos. 

Do nascimento até a vida adulta, são tantos caminhos e suas variáveis, encruzilhadas, esquinas, ruas sem saída, becos sombrios, pedras e espinhos. Tudo conspira para nos tirar dos “trilhos”. Mas, quando chega esse momento, de seguirmos nossos próprios passos, mesmo que percorramos vários caminhos, tantos outros que jamais serão, seja porque não nos agrada, não nos pareça o correto, por parecer o mais distante, por ser o mais curto e menos interessante ou simplesmente porque seja impossível, nesse período (existência) percorrer todos eles. Mesmo assim, temos que insistir, pois qualquer um pode ser o caminho para o amanhã. É o nosso aprendizado. A liberdade!


Nesse tempo, rumo ao amadurecimento, cada ano que aniversariamos, teremos a composição dos sonhos, desilusões, sorrisos, lágrimas, alegrias, tristezas, conquistas e decepções. Ganharemos amigos e descobriremos inimigos. Os amores que achávamos eternos se tornam efêmeros e, quando se vão, a dor nos parece não ter fim (ah! como sofremos). E as mãos que outrora nos amparavam, os olhos que nos guiavam e nos apresentaram a esse mundo tão desafiador e complicado, inexplicavelmente precisam partir. Mas, como o tempo não para, apesar das quedas, dos erros e dores, mais maduros, cheios de cicatrizes e marcas do tempo, temos que seguir tentando, sonhando. 

Assim a vida, muitas vezes, pode nos parecer uma loucura inconsequente. Mas não! Ela é essa aventura estritamente delirante, envolvente e impressionantemente apaixonante. Obrigado, tempo, por mais um ano que me concedeste para seguir esse caminho, Vida! 

ecobueno

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Enamore-se




Se não houver ninguém
Que compartilhe o espírito de celebração
Que tomou conta da sua alma
Não hesite, celebre mesmo assim
Não será um dia, uma data
Que trará pessoas interessantes
Que partilhem dos seus momentos
Curta-se, enamore-se, seja você!

ecobueno

Um Romântico em Apuros


Hoje é uma data para se comemorar a dois. E como não poderia ser diferente, eu pensei: vou pegar um avião para surpreendê-la. Farei como naqueles filmes de comédia romântica que eu não lembro mas quase todo mundo sabe o nome. 

Uma viagem de ultima hora, puro ímpeto, cometer um gesto irresponsável, no mínimo fofo, de amor. Então corri aos sites das companhias aéreas para comprar as passagens. Só imaginando como seria chegar sem avisar.

Mas você sabe quanto custa uma passagem comprada assim em cima da hora? Os olhos da cara! Mesmo assim ponderei, posso parcelar em até 10 vezes. Só que bateu aquele medo de o amor acabar antes de vencer a ultima parcela. Em 10 meses muita coisa pode acontecer, inclusive dela tropeçar em outra pessoa no meio do caminho. Aí já viu...

Não! Mesmo assim não posso desistir, ela pode ser o grande amor da minha vida e eu não poderia deixar passar. Tinha que encarar o momento, o que tem que ser será. Sim, pelo menos hoje, ela é o grande amor da minha vida! Pensando bem, o melhor da vida é isso, viver intensamente o hoje e aproveitar as datas especiais, nos permitir. Valeria a pena correr o risco só para ter a emoção da surpresa. Ou seria um desvario?

No caso, eu me permitir, deixar o emprego assim sem planejar. Será que o chefe concordaria? Bem, eu poderia fazer um bate e volta. Chegando lá, contando com o fator surpresa, compraria flores e iria ao seu encontro.  Ela estaria em casa, no trabalho ou viajado para um compromisso? Se esse fosse o caso teria que achar um hotel, mas nessa época, um quarto de ultima hora, além do preço, seria como ganhar na loteria.  Sem contar que não conheço direito sua cidade e poderia me perder nos labirintos das ruas desconhecidas.

Ah, como seria mais fácil se tudo fosse como numa comédia romântica. Eu faria essa loucura (clichê) e seria aplaudido com euforia pelas pessoas ao redor que em coro aprovariam minha declaração de amor. Uma trilha sonora logo ecoaria no ar, as tomadas de cena aérea rodopiando para encontrar o melhor ângulo para registrar quando eu, ao entregar as flores, receberia aquele abraço forte de emoção e o beijo molhado de paixão. 

Mas como nada disso vai acontecer, e não é por causa do valor das passagens, do boleto e suas parcelas, do tempo efêmero onde tudo pode simplesmente mudar de rumo. Não é por causa do medo dela não gostar do fator surpresa, ser daquelas que morre de vergonha de platéia e sair correndo. Tampouco pelo risco do desencontro. 

É porque, simplesmente não é possível. Não dá para fazer algo com ou para alguém, se a gente ainda não o tem. Mas quem sabe noutro Dia dos Namorados eu encontre a razão para tal surpresa? 

ecobueno19

terça-feira, 28 de maio de 2019

Lapso



 


                              Se do barro, o criador
                              Fez o novo ser
                              E com o mesmo ardor
                              Criou tudo que há
                              Céu, terra, ar e mar
                              De que adiantou
                              Tanto esforço
                              Se não fecundou
                              O antídoto para o amor
                              Não correspondido!

                              ecobueno