quinta-feira, 30 de julho de 2015

Tantos Presentes!



Hoje é o dia!
Um dia para chamar de meu.
Não é nenhuma data badalada,
Natal, Páscoa, Dias das Mães,
Dia Internacional da Mulher, nada
E mesmo que outros tantos seres
Tenham nascido na mesma data,
Pelas leis naturais, sou único.
Por isso sinto a emoção
Dos que me fazem sentir assim
Cada qual a seu modo (especial)
Expressando seus sentimentos

Mesmo que muitas vezes
Eu possa tocar o silencio
Ainda sei que é possível comemorar
O abrir d’olhos a cada amanhecer
Ver o sol nascer e caminhar pelas ruas
Mesmo sendo um anônimo
Observar pessoas lindas
A natureza que sempre nos brinda
O céu, a lua, as estrelas, o mar
O verde, o azul de diversas matizes
Agradecer tantos presentes
Que são o carinho das pessoas
E isso, é a magia do viver!

Ecobueno15


sexta-feira, 24 de julho de 2015

Frustração


Foi bonito meu sonho de amor
Feito um sol primaveril
Só que não houve flores
E a vida em suas ironias
Disse que era tarde demais
No canteiro o inverno brotou
Estéril feito as paixões tardias
ecobueno15


quinta-feira, 16 de julho de 2015

Verdade (Bem) Dita



Deram-me, quando nasci
Um nome que não escolhi
Definiram uma religião
Que eu nunca entendi
Dediquei meu amor
A quem jamais o quis
...
Hoje sigo com esse nome
Do qual me identifico
Não sei o que faço
Com esse deus que não conheço
Do amor, o que espero?
Vivê-lo mesmo em risco

Ecobueno15

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Atos e Consequências




Enquanto nos Estados Unidos a lei de casamento entre pessoas do mesmo sexo era aprovada – no Brasil ela já é reconhecida pelo STF desde 2011 – numa demonstração de plena democracia e respeito aos diferentes anseios dos cidadãos.  No mesmo dia em outros lugares do mundo, Oriente Médio, Europa e África, acontecia o oposto.

No Kuwait 27 pessoas foram mortas num atentado á bomba. Na França, um operário de uma usina de gás decapitou seu chefe. Num hotel a beira mar, na Tunísia, um atirador assassinou 37 turistas. Todos esses atos de violência foram praticados por pessoas que fazem das suas convicções extremas a razão de tudo.  É a barbárie em nome de uma crença, uma seita ou religião, o que é no mínimo contraproducente, pois todos pregam a fraternidade e a igualdade em nome de um deus.
Ao ter conhecimento desses fatos tão dispares, lembrei-me do que dizia o antropologista Alfred Kroeber que, “nós somos folhas de papel em branco nas quais a cultura (o nosso sistema cosmológico) se escreve. De tal maneira que até mesmo as nossas reações se fazem dentro dos limites estabelecidos pela nossa cultura”.

Mas essas denominações religiosas, seitas e que tais, contestam alegando que não é bem assim, pois todos tem o livre arbítrio para invocar a liberdade individual e por isso serão cobrados pelos seus atos. Ele complementa dizendo que “a própria ideia de liberdade é cultural e, como tal, ela tem que ser explicitada, construída e aprendida”.

Essa explicação de Kroeber se evidencia nesses acontecimentos. Enquanto determinadas culturas vão criando maneiras democráticas de dizer que todos são iguais e tem a liberdade de escolha. Do outro, a cultura do radicalismo, o machismo, a intolerância beiram a estupidez e tolhem a liberdade através da imposição do medo. 

Como dizia Martin Luther King, “Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar”. Tudo na vida é aprendizado, experiências. Então toda essa violência, intolerância não é algo intrínseco ao ser,  mas algo que é ensinado desde a tenra idade. Uma pena.

Nesses tempos em que a tecnologia deveria ser aliada do conhecimento, quem ensina quem? Somos todos professores ou ouvintes ruins? Ou somos autores de nossas sociedades que escritas por cada um de nós, se transformam de acordo como nossos projetos? Quando será que a estupidez terá fim? 

ecobueno

segunda-feira, 6 de julho de 2015

A Semana



  







Já é domingo
Noite caindo
Semana vem a aí:

 Segunda-feira
 Noite que chega
 Luar vai reluzir
 Tu estarás aqui

 Na terça-feira
 Sem tu que clareia
 Luz vai sucumbir
 O breu vai incidir

 E na quarta-feira
 Metade inteira
 Tudo irá se redimir
 A vida pulsa em ti

 Então vem a quinta
 E sexta-feira
 Solidão vai invadir
 Tua ausência aqui

  Logo é sábado
  Dia sagrado
  Quem sabe irá surgir
  Vou insistir

  E se não vens
  Domingo outra vez
  Semana vai sobrevir...

  Ecobueno15

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Feridas Para Toda Vida


Era uma terça feira, me lembro como se fosse hoje. Numa tarde fria de julho, período de férias escolares, papai não havia ido trabalhar. Não sabia bem qual o motivo, ele nunca dava explicações sobre sua vida.

Mamãe era uma executiva de uma grande instituição financeira, e como tal sempre trabalhava até mais tarde, mesmo assim, nunca fora uma pessoa ausente. Dentro do possível, me dava atenção e carinho. Papai era advogado e tinha horários flexíveis, porém nunca havia ficado em casa durante o dia, sempre dizia estar muito ocupado. Na verdade sempre o senti ausente. 
 
Sabia que os dois não viviam bem. Sempre ouvia ela o acusar de ser um marido omisso, e até mesmo de estar saindo com outras mulheres. Mas eu nunca quis me intrometer, achava aquilo coisa de adulto. Fora isso, não tinha do que reclamar, sempre tive de tudo.

Eu havia completado 15 anos a poucos dias, minhas curvas estavam mais definidas, as novas emoções e reações me deslumbravam, afinal é uma idade muito especial e eu parecia muito mais feminina. Estava de bem comigo, feliz, era uma nova fase da minha vida. Pensava nisso tudo quando ouvi.

- Filha venha assistir o filme que papai alugou, acho que você vai gostar. - Era meu pai.

Estranhei, mas achei legal ele ter escolhido um filme para que pudéssemos assistir juntos. Havia muito tempo que não sabia o que era passar um final de tarde com ele. Aliás, não me recordava de ter ocorrido isso anteriormente.

Ao entrar no quarto, o encontrei sentado na cama, encostado na cabeceira, o filme estava no inicio. Sem qualquer malícia ou receio me recostei em seu colo. Apesar de não me sentir confortável, pois  havia algo de estranho, percebia que ele não tirava os olhos de mim. Mesmo assim fiquei ali ao lado dele. Afinal era meu pai.

- Filha como você está bonita. Já é uma moça!  - Me disse com uma voz diferente, quase rouca.
 
- Papai.. eu... eu... - Tentei falar algo, mas a voz não saiu. Estupefata, tremula, sem reação, pois ele, ao dizer isso, já foi me tocando de uma maneira estranha. A certa altura desabotoou minha blusa e começou a beijar meus seios. Depois não percebi mais nada. Foi como se o mundo desabasse sobre minha cabeça. Tudo escureceu. Senti vontade de gritar, esmurrar, chutar, morder, beliscar, me defender, mas tudo aquilo não fazia sentido. Aquele homem que eu via como um pai, amigo, protetor, transformara-se num monstro. Senti tanto medo, nojo, asco. Calada, nada fiz. Só conseguia soluçar um choro sem lágrimas, seco e amargo, de vergonha e culpa. Hoje percebo que era ódio.

O tempo passava e os assédios se tornaram constante, até que minha mãe desconfiada, pois ele constantemente ficava em casa e a minha mudança de comportamento de saber que ficaria sozinha com ele, me perguntou o que havia de errado comigo, eu apenas chorei. Ela entendeu. Foi quando se separaram e ela denunciou aquele homem (monstro). Por ser influente e ter bons antecedentes, ele não ficou preso. Mas eu me tornei refém do que vivi, e até hoje esse fantasma me assombra. Dói.

Desde então não gosto do período de férias, tenho medo de ficar só com alguém. Não confio em ninguém.  Só agora, aos 25 anos arrumei meu primeiro namorado, que apesar de ser o oposto daquele homem que dizia ser meu pai, algumas vezes o vejo como tal. Afinal foram quase três anos de abusos e sofrimento.

Esse relato  poderia ser mais uma obra de ficção relato, porém é  uma história real, infelizmente. Os abusos contra crianças, jovens, adolescentes e, até mesmo mulheres, na maioria das vezes são cometidos por um ente próximo da família. Foi constatado numa pesquisa que os casos mais frequentes acontecem dentro de casa.
 
Fica aqui um relato, triste, até chocante, mas que serve de aviso. Prestem atenção nas mudanças de comportamento das crianças. Eles dizem mais que palavras.
 
ecobueno