Os ataques
terroristas ocorridos em Paris, na França, na sexta feira, 13 de novembro, repetindo
o que acontecera no inicio do ano com os jornalistas franceses do periódico Charlie
Hebdo, trazem à tona os achismos, as explicações, comparações e soluções de uma
maneira muito simplista. E não é bem assim.
Se não
vejamos: Desde que o mundo se viu habitado pelo bicho homem, as desavenças
sempre existiram e sempre hão de existir. Se antes eram as disputas pela caça, invasão
de territórios, escravidão em nome da liberdade, arenas com leões para divertir
a plateia (seria hoje o UFC?), matança entre tribos de etnias diferentes. Hoje
é o absolutismo, atentados a bomba, guerras em nome da paz, violência gratuita
no transito, nas escolas, em casa. A intolerância religiosa, o racismo, a corrupção,
o fanatismo, a xenofobia, o machismo, o feminismo, o extremismo. A fome gerada
pela desigualdade – enquanto uns tem tanto, tantos tem quase nada – a escassez de
água, o desperdício dela. A ingratidão, a mentira, a soberba, a dissimulação. A
falta de respeito ao próximo, a si mesmo, drogas, vícios, a violência sexual, verbal,
física, politica e moral. Tudo evolui, até a barbárie, infelizmente.
Em meio a
tudo isso, não é possível achar culpados ou inocentes. Respostas fáceis, saídas
simples, utópicas, magistrais (cinematográfica?), isso não ajuda. Afinal quem é
o dono da verdade?
Enquanto uns
clamam por mais religiosidade, outros a repudiam. A história nos mostra que as
maiores guerras foram causadas pelo extremismo religioso. Muitas excluem o seu
semelhante. Quando alguém diz ser ateu, cético, incrédulo, o que acontece? No
mínimo se torce o nariz como se isso fosse algo impensável. Só porque todos
precisam acreditar em algo? Mas como tomar partido?
Quando
falamos de moral, de qual estamos falando? Da minha, da sua ou a deles? Quando
invocamos a paz percebemos que só há a passividade quando nos convêm. É só ver
os números de mortes banais, por uma simples discordância. Quando criticamos um
desastre ambiental, não buscamos as causas e sim atacamos os possíveis
causadores. No desastre de Mariana, MG – caso recente – a mineradora está lá há
muitos anos, e nós, os críticos, usufruímos do que ela extrai – minério de ferro
– para o nosso conforto diário. Mas esquecemos disso (conveniência?). E os
fiscais que recebem para fiscalizar, onde estavam? E os ambientalistas, o poder público, o
judiciário, a comunidade?
Quando
vociferamos contra a xenofobia, o que fazemos para calar esses detratores?
Quase nada. Quando falamos da ingratidão, da mentira, da dissimulação, enfim, de
tudo que apontamos em outrem, será que estamos escondendo algo de nós, ou em
nós mesmos?
Quando
acontece algo chocante, amplamente divulgado em detrimento de outro com “menos”
apelo midiático, logo vem – sem trocadilhos – a enxurrada de críticas e
comparações, como se isso fosse possível. Se não noticiam em um determinado
veículo é só buscar em outro. Só que é mais fácil esperar o mais do mesmo e depois
reclamar. Quantas notícias á respeito de obras assistenciais e ajudas
humanitárias, vemos, tanto nos mais ou quase esquecidos, veículos de
comunicação? Alguém reclama?
O
sofrimento de uma criança em países distantes, não é maior ou menor àquela que serve
de mão de obra escrava em nossas lavouras, ou pedem no farol. Atentados num
País europeu não são diferentes aos quase que diários em países do Oriente médio.
Os escândalos de propinas, corrupção e totalitarismo na América Latina, não podem
ser medidos pela régua dos ocorridos em outros lugares do mundo. Cada um tem
sua devida parcela de sofrimento. O que não é pouco.
Sim, desde
que o mundo é mundo, isso ocorre, guardadas suas devidas proporções. A
diferença é que hoje em dia a tecnologia traz tudo tão rápido que faz parecer
algo corriqueiro. Ficamos anestesiados diante de tantas notícias ruins, que nem
temos tempo de nos indignar. O que fazemos? Ficamos comparando os fatos e
escolhendo qual ou quem merece maior atenção (divulgação).
Entendo que
nenhum sofrimento merece comparação, tão pouco esquecimento e sim indignação. As
saídas simplistas como apontar culpados, reclamar, maldizer, só ajuda a
aumentar as diferenças, alimentar o rancor e disseminar o ódio. Opiniões sem
conhecimento, ataques gratuitos – terroristas? - e as saídas simplistas, que
nada resolvem, trazem uma visão míope sobre fatos muito mais complexos.
Ecobueno15