sábado, 15 de dezembro de 2012

O Quebra Nozes

A noite típica de um verão paulistano, quente e abafada, nos convida a ir ao teatro, para assistir a um clássico universal da dança. Esse espetáculo que fecha com chave-de-ouro o ano cultural de 2012. Mesmo sendo a sua vigésima nona apresentação o Quebra Nozes, encanta e renova a cada apresentação, fazendo dela única.

A Cisne Negro Cia de Dança, com direção artística de Hulda e Dany Bittencourt, musica de Tchaikovsky, a história adaptada de um trecho do conto Nussknacker und Mausekoing – Quebra Nozes e o Rei dos Camundongos – de Hoffman, no Teatro Alpha, é um belo presente de Natal a um publico inteligente e sensível.

No apagar das luzes, abrem-se as cortinas, o palco se revela, a música reverbera e ecoa em cada canto da sala e adentra a alma. O espetáculo se inicia! É a história de uma menina que recebe um presente na noite de natal, um boneco quebra-nozes. Emocionada com seu novo presente, Clara dança contente. Mas seu irmão Fritz com inveja toma-lhe o boneco que se quebra. Seu padrinho, que havia dado o presente, vendo sua tristeza, conserta o boneco. A alegria volta. Ao terminar a festa, quando todos já dormiam, Clara com seu boneco se transporta para um mundo de fantasias e encantos.

A cada ato os bailarinos, o figurino, a iluminação e a coreografia, vão se alinhavando com a bela trilha sonora de Thaikovsky e a história vai num crescendo, se desenvolvendo e revelando a beleza que é viajar e conhecer um mundo de cores e possibilidades. Nessa viagem, várias danças são apresentadas: Espanhola, Árabe, Chinesa e a Valsa das Flores.

Mas não era tudo, ainda tinha os solos de dança da Fada Açucarada e o ápice do espetáculo, verdadeiro presente, o Pas-de-Deux. A perfeita sincronia entre o bailarino e a bailarina, é a força e a técnica que juntos transmitem a leveza dos corpos que parecem flutuar no palco.

É a mistura da musica, dança e a proposta de contar uma bela história, em que os bailarinos, através do corpo, ao abdicar do verbo, em seu processo de criação artística, entre tropeços e alumbramentos, nos transportam para um mundo de luzes e magia, que só a imaginação é capaz de nos levar. Luze e magia que neste caso, partem de closes em cabeças, ombros, braços, pernas e pés. Mecanismo que constroem a beleza e leva a transcender os limites.

Os bailarinos com sua técnica e empenho, vão coroando com beleza e brilho essa maneira diferente de transmitir os sentimentos, através de coreografias muito bem elaboradas, sem dizer uma só palavra. Em cada passo a superação é visível.

Essa linguagem abstrata é capaz de construir mundos, disseminar ideias, refletir sobre o que somos, sem se valer de uma só palavra. São aulas de inquietações diante dos erros e a felicidade de encontrar, enfim as possibilidades do corpo em uma coreografia bem elaborada que explicita o texto. Isso é a dança.

Ao termino do espetáculo, hora de fazer o caminho inverso, mas uma certeza nos acompanha, não a de ter ido assistir uma bela história, mas sim de que a magia e os sonhos levamos para toda a vida. Essa é a magia da transformação que só o palco é capaz de fazer.

Ecobueno12

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