sábado, 16 de junho de 2018

Copa da Rússia 2018

Vendo as manifestações às vésperas da estréia da seleção brasileira na  Copa do Mundo de futebol – evento que não nos traz boas lembranças desde os inacreditáveis (será?) 7x1 da edição anterior – apesar de termos, ironias à parte, Jesus no ataque, sem contar o insistente e maçante marketing, tenho a impressão que tudo está tão frio e distante quanto o País onde ela se realiza, Rússia. 

Também não é pra menos: A começar pelos interesses milionários que imperam o ludopédio, com “nossos” atletas nababos que chegam a dar inveja a príncipes árabes, jogam mais por dinheiro e fama do que pela “pátria”. Sem contar que a autoestima do brasileiro desempregado, esta tão baixa e pisada feito os gramados dos estádios onde se realizam as partidas de futebol. A inadimplência forçada, os usuários sofridos do SUS, as vítimas da (in)segurança pública, o corporativismo em todas as esferas do funcionalismo público que impede reformas urgentes e importantes, da educação nivelada por baixo, um professorado esquecido como se não tivessem importância. E o que falar da classe política que chega a dar calafrios, de tanto que frequentam as páginas policiais, revelando um horizonte cinza e limitado.

Enfim o que falta para que possamos entrar no clima, que outrora alimentava a alegria popular? Pão e circo?

Pra frente Bra(z)il, salve a "seleção"...!

ecobueno

terça-feira, 12 de junho de 2018

Coisas do Coração!


No mês em que se comemora o dia dos namorados, não por acaso Junho, o mês do Sagrado Coração de Jesus, foi criado com a intenção de aproximar os corações apaixonados, porém se tornou uma data meramente comercial que, muitas vezes faz esquecer sua verdadeira vocação.

Hoje ela nos parece tão fria que ao falarmos em coração, parece que estamos citando termos tecnicamente médicos, esquecendo da sua poesia. É o coração das coisas!

Será que o tempo e a tecnologia nos tornaram tão insensíveis a ponto de não percebermos o quão atual e apaixonante é falar dos sentimentos poeticamente? Àqueles que o coração tanto deseja?

Mas Santo Agostinho, que é representado nas pinturas, com um coração na mão (O Sagrado Coração), vem nos mostrar em seu poema Confissões, trechos apaixonantes, ensinando a beleza da poesia quando se fala do coração. 

                          “Tarde te amei
                          Ó beleza tão antiga e tão nova (...)
                          Durante os anos da minha juventude
                          Pus meu coração em coisas exteriores
                         Que só faziam me afastar cada vez mais
                         D'quela a Quem meu coração,
                         Sem saber, desejava”.

Que, não apenas no dia doze, mas todo o mês de Junho, possamos relembrar Santo Agostinho e celebrar os sentimentos. Aqueles que vêm do coração e não as coisas. 

ecobueno



sexta-feira, 1 de junho de 2018

Motores da Economia!


Agora que os ânimos se acalmaram, espero, com o fim da greve dos caminhoneiros que durou dez dias, onde as opiniões, tanto dos que eram favoráveis e contra, estavam beirando as ofensas, é momento de fazer uma reflexão sobre a grave situação.

Não se trata de tomar partido desse ou aquele, afinal greve é garantida pela Constituição, artigo 9°, como sendo um direito social de todo e qualquer trabalhador. Também em uma sociedade livre não é possível obrigar as pessoas a trabalharem contra a sua vontade. Mas ainda assim, é inadmissível que venham a colocar em risco a sobrevivência, a saúde e a segurança das pessoas. Por isso em seu artigo 10°, inciso I, que disciplina a paralisação de serviços ou atividades essenciais, se refere explicitamente à distribuição de combustíveis. Também não é permitido furtar o direito do cidadão de ir e vir, artigo 5°, inciso XV da mesma. Sem contar com as suspeitas de que empresários incentivaram e financiaram o levante, denominado lockout, o que é crime, artigo 722 da CLT

Deixando de lado às leis constitucionais, que foram explicitamente desrespeitadas, vamos ao que resultou disso tudo, a CONTA A SER PAGA! No inicio o que se via nas reivindicações eram o preço abusivo dos combustíveis, mais precisamente o diesel. Mas no decorrer do tempo e a inoperância de um governo moribundo, outras foram se juntando ao rosário: pedágio, tabelamento de frete, anistia de multas, etc. Até os absurdos, Lula livre, fora Temer e intervenção militar.

A população, motivada pelo descrédito da classe política, não sem motivos, que vem desde a era Lulodilmista, se juntou e fez coro apoiando e engrossando o movimento, vendo nele uma oportunidade para “mudar” o que aí está. Como se bastasse uma simples canetada para resolver todos os problemas econômicos e sociais que enfrentamos. 

Dessa forma observou-se uma esquizofrenia como alguns lidam com a crise. Há muitos aplausos quando se fala na baixa do diesel. Difunde-se que o povo está finalmente alcançando suas vitórias. E a reboque virão às baixas de impostos, melhoria na saúde, emprego, educação, enfim, os preços baixarão em cascata, ou ao menos se manterão. 

Mas a conta não fecha dessa maneira. A redução no valor, só pra ficar no diesel, necessita de corte do PIS/COFINS, bem como a CIDE. Impostos usados na área social e infraestrutura, respectivamente. E para cobrir esse rombo, será necessário aumentar alíquotas ou criar novos impostos, ou suspender investimentos nessas áreas. O que acarretará em mais sacrifícios para os mais necessitados. Como sempre!

O que nos falta é uma plataforma de discussões mais ampla a respeito do ajuste fiscal, matriz energética, melhoria nas condições de trabalho. Um Estado mais enxuto e menos perdulário, instituições que funcionem, custeio da máquina alinhada à realidade do País, um Executivo forte, um Legislativo operante, um Judiciário mais efetivo. Enfim, um debate que não se resume a paralisação de uma determinada classe, que sem lideranças sérias, fez um País combalido e de joelhos, refém de reivindicações que beiram a chantagem.

ecobueno