segunda-feira, 24 de junho de 2013

Manifestações 2013

Devido as manifestações desses dias, a sociedade gritando por melhorias! Me recordo de uma crônica que escrevi em 2009, ao "visitar" um pronto socorro e ver ali o quão degradante é ter nos serviço público de saúde, exemplos tão claros do descaso com o dinheiro do contribuinte. 

Lembro que comentei com algumas pessoas e autoridades, mas sequer ouvi um comentário que desse crédito a minha constatação. Mas hoje percebo que o que estava adormecido há tempos, toronou-se latente. 

Socorro, Pronto Socorro!


A primeira vista, pela ótica externa, a impressão que se tem é que tudo segue seu curso normal. Ambulâncias saindo e chegando, pessoas circulando, indo e vindo a todo instante. Nada de anormal, tudo funcional.

Mas quando há a necessidade de entrar e utilizar os serviços prestados é que percebemos a grande discrepância entre o parecer e o ser. O choque é grande, a começar pela limpeza quase inexistente, falta de organização gritante, tudo somado às más condições gerais do prédio.

Infiltrações, paredes desbotando (descascando), portas quebradas, banheiros sujos que não condizem com uma edificação destinada ao atendimento médico. Tudo isso expõe a falta de manutenção e zêlo pelo patrimônio publico.

Mais que a falta de manutenção e organização, o gerenciamento administrativo e a gestão de pessoal é o que pesa mais. A começar pelo pré-atendimento onde não há uma triagem para se estabelecer o grau de urgência de cada caso. A separação por idade, condições físicas, urgências, só para citar algumas.

E essa demora no atendimento resulta em ambientes lotados o que exige maior demanda por serviços e materiais básicos, sem contar com a degradação dos bens e utensílios de uso coletivo, pois, a maior concentração de pessoas em espaço público limitado, diminui a eficácia da conservação e fiscalização

A má conservação de um prédio público destinado ao atendimento da saúde, traz como consequência o péssimo serviço prestado, pois como pode um funcionário trabalhar de acordo se nem ao menos as condições minimas de trabalho são respeitados. Mas, enquanto isso, nos prédio do governo, nas camaras municipais (verdadeiros palácios), nos gabinetes e afins, tudo é limpo, suntuoso e cheio de mimos. Não deveria ser o contrário?                                       
 
Quando se tem clara a preocupação com a Missão, Visão e Valores isso resulta no melhor aproveitamento e aplicação dos recursos, e isso só é possível com profissionais capacitados e sem o vezo do vício político. Com a capacitação todos ganham: profissionais que são reconhecidos e remunerados por méritos, a administração pública com os dividendos políticos e a população, duplamente, na forma de atendimento e por ver os impostos que pagam serem aplicados de forma correta.

Enquanto não tivermos na administração publica profissionais capacitados e comprometidos, que tenham bem definidos as responsabilidades e deveres, nada mudará, em qualquer gestão.

Cabe a nós cidadãos a consciência da cobrança para não permanecermos “pacientes” e entregues a própria sorte, tal qual o que acontece no interior dos prontos socorros, hospitais e maternidades públicas. Por isso solicito “Socorro, Pronto Socorro”!!!  Se é que me entendem.


EcoBueno 2009

terça-feira, 4 de junho de 2013

Anjo Existe?

Nessa correria, onde tudo parece o caos, os compromissos, o transito alucinado das grandes cidades, o relógio que não dá trégua, horas marcadas, a repetição, enfim a rotina, às vezes pode ser quebrada por uma simples situação, pequena, singular, mas que faz valer o dia.

Na avenida Rebouças, sentido Rua da Consolação e em meio ao transito caótico que se repete todos os dias, caracteristicos das manhãs nas ruas de são Paulo, seguia. Creio que isso não vai melhorar nunca, afinal construíram um túnel que apenas antecipa a chegada ao próximo congestionamento. Também fizeram novos corredores de ônibus para que o transporte de massa fluísse mais rápido, e que na verdade, são utilizados por certos motoristas – “os bons” - em seus possantes que passam por nós, ali parados nas faixas regulares, como se nos dissessem o quanto somos otários, pois eles é que são os espertos, claro, assim conseguem ir mais rápido e quando lá adiante, não há mais saída, forçam a entrada colocando suas máquinas, sem a menor cerimônia, entre os carros que estão “atrapalhando”, e se não os deixam entrar os fulminam com seus olhares desafiadores cheios de razão. O que falta é mais de educação, para melhorar um pouquinho esse caos.

Os motores roncando aflitos, essas buzinas agonizantes nos dedos insistentes desses intrépidos motoqueiros que desafiam a lei da gravidade, que passam a toda velocidade por entre os carros, até que o farol fecha e tudo para. Ali espremido em meio ao caos o que me resta é olhar os outdoors, as fachadas das lojas, ou qualquer coisa que se movimente pelas calçadas. E em meio a esse caus  sinto uma vontade louca de largar tudo e sair correndo.

Mas nem tudo está perdido e nessa tresloucada agonia, algo me chama a atenção. No carro ao lado, com janelas de vidros esverdeados - ainda bem que não são aqueles todos pretos (fumê) - posso ver aquela linda imagem, quase uma pintura. Olhos amendoados, vivos, sorriso fácil, gestos delicados e decididos, cabelos castanhos claros, curtos, naturais, sem tinta, com cachos dourados que refletem os raios de sol da manhã, deixando a mostra as orelhas rosadas de onde reluz um delicado par de brincos em forma de minúsculas gotas.

Fico hipnotizado, não consigo desviar o olhar; não vejo mais nada ao redor. Como é meigo aquele olhar. Os lábios pequenos e bem rosados se abrem em um sorriso maroto, um rosto com ar tão angelical e os gestos calmos, Não consigo fazer outra coisa a não ser ficar admirando. E mesmo através dos vidros, posso sentir a paz que ela transmite.

Repentinamente ela sorri, me fitando com seu olhar, me desmancho, perco os sentidos, olho ao redor para certificar se é para mim. Ela, como que percebendo minha aflição e desconfiança, reafirma o gesto com um sorriso largo e acena com suas mãos pequenas, delicadas e afoitas. Ainda titubeante retribuo, sinto meu coração disparar de alegria. Devo estar com aquela cara de bobo. Mas ela nem liga e continua me acenando insistentemente.

O transito lá fora... Que transito? O sinal vermelho? Tomara que demore! As buzinas que irritavam, agora parecem acompanhamento da musica de Bettoven que tocava no radio do carro. Ela conseguiu transformar a rotina em um dia repleto de emoções. A pressa desacelerou!

Nesse pequeno instante consegui, sorrir, me encantar e viver com coisas tão singelas que andavam tão esquecidas. Aquele olhar doce e meigo de um par d’olhos vívidos e brilhantes, sorriso suave e farto, vindos daquele ser que em sua cadeirinha, fixada no banco traseiro do carro, me fitava através da janela. Tão linda! Quem seria aquela menina? Não sei. O farol ficou verde e ela partiu... Seria o meu anjo da guarda? Não sei só sei que valeu o dia!